Em dia de visita, CDP de Guarulhos faz motim

Presos mantiveram sete agentes reféns por mais de 2h

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Por Gustavo Miller e Leandro Calixto
Atualização:

Uma tentativa de fuga marcou o dia de visita, ontem, no Centro de Detenção Provisória I (CDP) de Guarulhos. Enquanto familiares se preparavam para entrar na unidade, cinco presos fizeram sete agentes de segurança reféns por mais de duas horas. Um revólver calibre 3.80 e uma arma de brinquedo foram encontrados pelos policiais após a rebelião. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que a corregedoria abriu uma sindicância para saber como as armas entraram no CDP. Segundo os familiares dos presos, a confusão começou por volta das 12h30. Ao contrário do que foi divulgado depois, a informação que circulava fora do presídio no início da tarde era que um dos visitantes, armado, teria rendido um segurança. Na parte interna do CDP, presidiários corriam de cela em cela avisando que "tudo estava dominado". Em seguida, ainda segundo familiares, os policiais começaram a disparar tiros de fora para dentro. "Vi tudo isso porque estava na enfermaria com o meu filho", relata a dona de casa Nívea da Silva, de 72 anos. "Até então, estava tudo tranquilo. É a primeira vez que algo assim acontece. Vi presos feridos", contou Eliana Cleusa, de 43 anos, que visitava o filho acompanhada do neto de 4. Enquanto os seguranças eram rendidos, os parentes que estavam na fila de revista correram para o lado de fora. "Quando vi já havia me jogado no mato. Minhas sacolas ficaram todas lá dentro", disse uma jovem, com um filho no colo, que se preparava para visitar o marido. Na pequena rua que dá acesso ao presídio, familiares esperavam por notícias. Aos poucos chegavam alguns advogados que tentavam, sem sucesso, falar por telefone com a direção do CDP. "Não sabemos o que está acontecendo lá dentro. O medo deles (presos) é que exista retaliação dos policiais depois que os familiares forem liberados", disse o advogado Jeferson Badan, que, durante a confusão, fazia questão de dizer que seus clientes não pertenciam ao Primeiro Comando da Capital (PCC). As visitas no CDP I de Guarulhos acontecem nos fins de semana. Por volta das 14h50 de ontem, os familiares que estavam dentro do presídio começaram a ser soltos em pequenos grupos, aos poucos. A grande maioria era de mães e mulheres visitando filhos e maridos - quase todas com crianças a tiracolo. Além de estar com seus documentos nas mãos, as mulheres carregavam sacolas com embalagens plásticas cheias de alimentos e bebidas, indicando que não puderam entregá-las para seus parentes presos. As visitas foram encerradas no momento em que a rebelião começou.

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