Em discurso, Lula fala sobre política econômica e sonho para o futuro

Presidente reconhece que Brasil está em "condições melhores", mas não pode "derrapar" para não perder o rumo

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Por Agencia Estado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta quinta-feira, 24, que foi preciso muito esforço econômico, político e até mesmo pessoal para que o Brasil chegasse no patamar atual. "Temos tudo para crescer, mas não podemos afrouxar. Apesar de o Brasil estar hoje em condições melhores, determinados esforços terão que continuar sendo feitos", afirmou Lula, se referindo à atual política fiscal. Ele citou os avanços na economia como a queda da inflação e do risco País, além da melhoria nas contas externas. "Mas para não derrapar e cometer qualquer retrocesso é preciso manter a política econômica no caminho certo e manter o equilíbrio fiscal", comentou. O presidente disse não concordar com a avaliação de alguns analistas "de que é preciso cortar, cortar e cortar" os gastos do governo, mas sim que é preciso melhorar a eficiência dos gastos públicos. O presidente afirmou que todas as condições estão dadas para que o Brasil possa entrar na rota do crescimento sustentado. "Chega de crise a cada dois anos. As condições para a arrancada estão dadas", disse. Lula declarou, no entanto, que é preciso aumentar os investimentos públicos e privado nas áreas de infra-estrutura e produção. Para ele, as condições para elevar os investimentos públicos serão dadas com a melhoria da eficiência dos gastos e redução do déficit da Previdência. Sonho Lula da Silva afirmou que, seja qual for o resultado das eleições, ele estará na linha de frente da construção de um grande entendimento nacional pelo futuro do país. "Temos que reduzir a tensão política. Temos que dedicar o nosso tempo mais ao que nos une do que ao que nos divide. Só assim podemos estar todos a serviço deste país". "Meu sonho continua sendo o de continuar contribuindo humildemente para que o Brasil encontre definitivamente o caminho do desenvolvimento sustentável e se transforme numa nação rica e justa", disse Lula. Ele afirmou que o País está vivendo um período agudo da política, de conflito de idéias e de programas, mas que da sua parte fará de tudo para que o debate se concentre nos grandes desafios colocados para o País. Setor privado Para incentivar os investimentos privados, Lula afirmou que o governo está melhorando os marcos legais. O presidente adiantou que um novo incentivo para aumentar os investimentos do setor privado deve vir por meio da complementação do programa de desoneração fiscal. Disse também que ainda falta conseguir reduzir os prazos de devolução do PIS, Cofins e ICMS. "Este é um desafio para os próximos anos", afirmou Lula. Juros e impostos O Brasil está na contramão do mundo quando o assunto é juros, para Lula. Segundo ele, enquanto vários países como os Estados Unidos estão aumentando os juros, o Brasil vem reduzindo. Ele afirmou que "é duro combater a inflação e que isso gera custos, mas nada é pior do que a inflação alta. "O meu compromisso é com uma inflação baixa. Quero que a inflação seja lembrada pelas gerações futuras como os dinossauros são lembrados hoje", disse. Lula disse ainda que não considera ser uma missão impossível a redução dos impostos. "Não usei o aumento de impostos como minha política econômica . A arrecadação (da Receita Federal) não caiu porque tivemos grande sucesso na economia", justificou o presidente, afirmando que as empresas aumentaram seus lucros e a renda da população subiu. Lula, no entanto, afirmou que ainda quer promover mudanças na área tributária. "Não tem sentido os empresários pagarem vários impostos em várias esferas de governo. Temos que caminhar para a simplificação", afirmou, lembrando que tramita no Congresso há vários meses uma proposta de unificação de tributos. Lula também disse que além das amplas reformas social e econômica, o governo também está comprometido com a reforma política. "A crise é no âmbito político, na sua inteireza. E não de uma pessoa só", disse. Para Lula, a reforma política é inadiável. O presidente acredita que as instituições estão maduras para o debate. E, afirmou, que. no que depender dele, o debate na campanha eleitoral será sobre os grandes desafios. Disse que é preciso reduzir a tensão política, porque todos estão a serviço do País. Comércio Exterior Lula afirmou que o Brasil tem tudo para se tornar, no médio prazo, uma potência do mercado internacional. Segundo ele, as mudanças no comércio exterior atingem áreas de difícil mobilidade, mas que o governo tem lutado para abrir as portas para novos produtos brasileiros. De acordo com o presidente, o governo não deixará de proteger setores da economia brasileira contra a concorrência desleal e a pirataria. Lula lembrou que o governo já adotou várias medidas antidumping e não deixará de adotar outras se forem necessárias para anular a competição desleal. No entanto, o presidente destacou que "o tema tem que ser eficiência". O presidente disse que sempre estranhou a timidez dos outros governos em defender os produtos brasileiros no exterior. "Eu, com grande satisfação, me sinto um verdadeiro garoto propaganda dos produtos do Brasil lá fora", afirmou. O presidente disse ainda que, assim como vender, o Brasil também precisa aprender a comprar. "O comércio internacional é uma via de duas mãos", declarou. Indústrias vs. Bancos O presidente afirmou que, pela primeira vez na história, o lucro das indústrias brasileiras foi muito superior ao dos bancos. Ao citar pesquisa divulgada esta semana pela imprensa - sem citar o período -, o presidente disse que os lucros dos bancos aumentaram 80%, enquanto que o de um grupo de empresas, excluindo a Petrobrás, cresceu 366%. "É um fato muito significativo. O Brasil mudou e mudou para melhor no último período", disse o presidente. Lula destacou que os avanços da economia têm chegado também na "casa e na mesa" dos trabalhadores, mas que ainda há muito a fazer.

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