PUBLICIDADE

Em manifestação no Recife, família de Miguel e sociedade civil pedem justiça

Paralelamente, protestos ocorrem na internet; a plataforma Change.org somou 2 milhões de assinaturas em abaixo-assinado pedindo justiça pela morte da criança de 5 anos

Por Vinícius Brito
Atualização:

RECIFE - A família de Miguel Otávio Santana da Silva e várias entidades da sociedade civil organizaram, nesta sexta-feira, 5, um ato para pedir justiça pela criança de 5 anos, morta após ser deixada sob cuidados de Sari Corte Real enquanto a mãe, a empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, passeava com o cachorro da patroa em condomínio de luxo no bairro de São José, no centro do Recife, na última terça, 2.

Ato por Miguel Otávio, de 5 anos, em frente as Torres Gêmeas, nesta sexta-feira (5), em Recife (PE) Foto: MARLON COSTA/FUTURA PRESS

PUBLICIDADE

A concentração do ato ocorreu, inicialmente, em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco, no bairro de Santo Antônio, onde o grupo se reuniu às 13h e, depois, seguiu caminhando até o edifício Píer Maurício de Nassau, lugar no qual a criança morreu. Amanda Kathllen Souza da Costa, sobrinha de Mirtes Renata, foi uma das organizadoras da manifestação. "A justiça será feita por você, meu amor", declarou a jovem em uma rede social.

"Foi um ato das várias entidades, a gente teve as diversas juventudes, o movimento negro, o povo na rua, apesar da quarentena, e, pelo tempo que se articulou, foi de bastante densidade", afirmou Marta Almeida, coordenadora do Movimento Negro Unificado, umas das instituições que participaram hoje do protesto.

Almeida também lembrou que os manifestantes respeitaram o isolamento social e a etiqueta respiratória, devido à situação de pandemia pelo novo coronavírus na capital pernambucana. "Todo esse movimento para que a gente pudesse ressaltar a luta contra o racismo, o apoio de solidariedade à família, respeitando todo esse processo da quarentena, com máscara e álcool em gel. Mas que a gente pode se fazer presente ocupando a cidade", resumiu.

Governador de Pernambuco promete investigação 'mais breve possível' sobre morte de Miguel Foto: Reprodução/Instagram

Militante do Coletivo da Negritude do Audiovisual, o cineasta Igor Travassos conta que o ato foi pacífico. "Esse foi um dos atos mais seguros, pela questão do caso em si. Houve adesão dos moradores do prédio, [eles] portavam balões pretos e faixas. Vários apartamentos têm bandeiras e tecidos pretos", disse. Travassos explica que, em certo momento, ocorreu intervenção da Guarda Civil para controlar o trânsito no local, mas a ação teria sido pontual.

De acordo com o militante, de 26 anos, o protesto foi acompanhado pela guarda policial e os manifestantes ocuparam até duas quadras em frente ao edifício Píer Maurício de Nassau, mantendo distanciamento social.

Paralelamente, as manifestações ocorreram ao longo desta sexta-feira no meio virtual. A plataforma Change.org publicou um abaixo-assinado pedindo justiça para o caso de Miguel. Até o momento, o documento conta com mais de 2 milhões de assinaturas, que pressionam o inquérito e a condenação da empregadora Sari Corte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), no caso. Já no Twitter, as hashtags #JustiçaPorMiguel e #JustiçaParaMiguel ficaram entre os assuntos mais comentados pelo segundo dia consecutivo.

Publicidade

Investigação

A investigação da Polícia Civil afirma que Miguel Otávio caiu do prédio depois de Sari Corte Real apertar um botão do elevador e deixá-lo sozinho no equipamento. Ao chegar ao nono pavimento, a criança despencou de uma área sem tela de proteção, de uma altura de cerca de 35 metros. Sari Corte Real chegou a ser autuada por homicídio culposo. Ela pagou R$ 20 mil em fiança e responde ao inquérito em liberdade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.