Em manifesto, militares presos pedem desculpas

Eles apontam o segundo-tenente Vinicius Ghidetti como o único responsável pelo crime

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Por Bruno Tavares
Atualização:

Os advogados de 10 dos 11 militares presos na semana passada sob a acusação de entregarem três jovens do Morro da Providência, no centro do Rio, para traficantes de uma favela rival devem divulgar hoje um manifesto com um pedido de desculpas à população. No texto, eles acusam o segundo-tenente Vinicius Ghidetti de ser o único responsável pelo crime. A defesa do oficial rebate essa versão, alegando que pelo menos outros fatores o levaram a deixar os rapazes dentro do Morro da Mineira, na zona norte. Além de culparem Ghidetti, os militares pedem à população que não faça "julgamentos precipitados". Dizem que o "sofrimento no cárcere é grande", mas que não se compara à dor das famílias dos três rapazes, "que naquele fatídico dia tiveram suas vidas ceifadas por uma atitude inconcebível". Os militares concluem o terceiro parágrafo do manifesto com uma crítica ao tenente: "Não é o que se espera de um oficial, que naquele momento equiparou-se àqueles que torturaram e mataram estes jovens". Os militares concluem o texto de uma página dizendo terem certeza de que a Justiça está sendo feita e, ao final, o único responsável pelo crime e pela prisão deles será responsabilizado na forma da lei - "dos homens e de Deus". Pedem, por fim, a compreensão de todos e que acreditem "em nossa inocência, na Justiça e no Exército Brasileiro". Desde que foram presos, essa é a primeira manifestação pública dos militares sobre o caso. Até ontem à tarde, quatro deles já haviam assinado o manifesto - o sargento Leandro Maia Bueno e os soldados Rafael Cunha da Costa Sá, Fabiano Elói dos Santos e Júlio Almeida Ré. Os nomes dos outros seis deveriam ser incluídos hoje. O advogado João Carlos de Figueiredo Rocha, defensor de Ghidetti, reafirmou que seu cliente tinha apenas a intenção de "dar um susto" nos rapazes da Providência. "Outros militares também sabiam disso", afirmou. "Tudo ficará provado durante o processo."

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