Em Natal, clima é de desânimo entre militares

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Por Emilio Sant'Anna e Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

Chuva, pouca visibilidade na área de buscas e o desânimo causado pela confirmação de que nada do que foi encontrado no Oceano Atlântico até agora pertence ao voo 447 da Air France. Entre os pilotos e tripulantes dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) em Natal, o clima ontem era de descrédito em relação à possibilidade de que algum destroço do Airbus possa ser localizado. Assim como nos cinco dias anteriores, ninguém tinha permissão para falar com a imprensa. Sinal de que as coisas não vão bem, mais um avião da Marinha francesa chegou ontem à Base Aérea de Natal para participar das operações. O Atlantic 2, aeronave de patrulha dotada de um radar em sua parte inferior e uma área de observação logo abaixo da cabine dos pilotos, aterrissou às 13h35 trazendo uma tripulação de mais 20 militares especializados em patrulha aérea, buscas e salvamentos. A aeronave deve partir para Fernando de Noronha durante a madrugada de hoje. Após a confirmação de que o material recolhido até agora não pertence ao avião da Air France, as buscas recomeçam de um estágio que se imaginava superado. A área em que a mancha de querosene foi encontrada é tratada como possível local de impacto da aeronave com o oceano, mas as fortes correntes marítimas da região impedem a localização exata. Especialistas em oceanografia ouvidos pelo Estado apontam para dificuldades à medida que o tempo passa - já são mais de 130 horas desde o desaparecimento do avião, em ponto do oceano cujas correntes marítimas apresentam velocidades que variam entre 1,8 km/h e 4 km/h. "Caso estejam na superfície, as correntes trarão os destroços em direção à costa brasileira. Isso deve levar semanas. O importante agora é encontrar algum sinal para nortear as buscas no fundo do mar", disse o professor Ilson Silveira, do Instituto de Oceanografia da USP. "Depois, o desafio é encontrar a caixa-preta, num local com profundidades que variam até 2 mil metros, num espaço de 100 quilômetros." A atuação da Marinha se restringe, por enquanto, a buscas na superfície do oceano, com a orientação dos aviões da FAB. Não há previsão para o início das buscas no fundo do mar. As buscas pelo ar recomeçam ainda na madrugada de hoje.

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