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Em relatório, Cenipa diz que pilotos e militares erraram

Ministro da Defesa não quis comentar decisão da Justiça de absolver americanos da acusação de negligência

Por Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresenta hoje, em Brasília, o relatório com as conclusões sobre o acidente entre o Boeing da Gol e o Legacy da ExcelAir. Com 261 páginas, o relatório não busca culpados, mas aponta, entre os fatores que contribuíram para o desastre, a desatenção dos pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino, do Legacy, e seu desconhecimento do plano de vôo, além de erros dos controladores do tráfego aéreo. As medidas anunciadas contra a crise aérea Siga online a situação nos aeroportos do País Especial: tudo sobre o acidente da Gol O ministro da Defesa, Nelson Jobim, evitou comentar a decisão da Justiça Federal de Mato Grosso de absolver os pilotos de negligência. "Não tenho juízo sobre isso. A matéria é de responsabilidade do Poder Judiciário", desconversou Jobim, ao ser indagado se as conclusões do relatório não contrastavam com a decisão da Justiça de Mato Grosso, já que, nas investigações, ficou comprovado que a conduta desatenta dos pilotos contribuiu para o desastre. Lepore e Paladino ficaram quase uma hora sem perceber que o transponder estava desligado, e não seguiram o plano de vôo, o que é obrigação. "O relatório da Aeronáutica está pronto e será apresentado com as recomendações de segurança. Mas a responsabilidade penal é assunto exclusivo do Poder Judiciário. Não me cabe nenhuma crítica às decisões da Justiça Federal, mesmo porque não conheço o processo", disse o ministro. O relatório do Cenipa incluiu a preparação de uma animação, com mais de duas horas de duração, mostrando cada passo do que ocorreu naquele dia. O filme, apresentado às famílias em agosto, explica os percursos do Legacy e do Boeing e os detalhes do que ocorreu até o momento da tragédia. As conversas nas cabines, no entanto, não serão divulgadas porque o Cenipa considera que são pessoais e em nada contribuem para as investigações. Além da animação, técnicos da Aeronáutica percorreram, a bordo de um Legacy, todo o trajeto até o momento do desastre, na mesma hora, repetindo cada passo. A Aeronáutica verificou, com isso, que todos os equipamentos e os radares que cobrem o trajeto funcionavam perfeitamente. Os dados registrados nos equipamentos do Cindacta mostravam que todos os aviões que percorriam aquela área podiam ser ser vistos nos radares dos controladores. De acordo com as informações já prestadas pela FAB, não foram encontrados erros de projeto ou de integração nos equipamentos de comunicação, transponder e TCAS (anticolisão) do Legacy. Os pilotos do jato foram ouvidos ao longo de três dias em Washington e responderam a um longo questionário elaborado pelo Cenipa. Lepore e Paladino disseram que "não realizaram nenhuma ação intencional para a interrupção do funcionamento do transponder e, conseqüentemente, do sistema anticolisão da aeronave, assim como também não perceberam ou recordam ter feito algo que pudesse ter ocasionado a interrupção, de forma acidental, do funcionamento dos referidos equipamentos".

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