PUBLICIDADE

Em SP, crescem 10 em 14 tipos de crime

Maior crescimento no trimestre é de latrocínio e a maior queda, de roubo a banco; homicídio tem pequena alta

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

Pela primeira vez desde 2003, a tendência da criminalidade é de alta em São Paulo. O registro no primeiro trimestre do recorde de roubos da série histórica iniciada em 1995 não é somente um pulso, um desvio na curva, mas a consolidação de uma perspectiva que se desenhava desde o primeiro trimestre de 2008, quando os delitos pararam de cair no Estado. De 14 indicadores de criminalidade divulgados ontem pela Secretaria de Segurança, 10 tiveram aumento. O maior crescimento em relação ao primeiro trimestre de 2008 foi o de latrocínios (36,2%) e a maior queda, a de roubos a banco (13,6%). O diretor da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da secretaria da segurança Pública, Túlio Kahn, afirmou que vários fatores podem explicar a mudança, entre eles a crise econômica. "Ela ajudou a intensificar o aumento da criminalidade, mas não a explica todo o crescimento", disse. Cada ponto porcentual a mais nos índices de desemprego significa, segundo Kahn, um acréscimo de 5 mil roubos na estatística policial. Outros fatores, como o fim do cumprimento em regime integral fechado para o cumprimento das penas por crimes hediondos e até "um caráter cíclico da criminalidade" teriam influído na mudança. Os roubos no primeiro trimestre deste ano alcançaram 65.635 casos - o recorde anterior pertencia ao 2º trimestre de 2003 (64.282). Embora o índice tenha crescido em todas as regiões do Estado, o aumento foi maior em Presidente Prudente (76,9%), Bauru (59,7%) e Piracicaba (38,5%). O crescimento na capital foi o menor do Estado (12,6%). Segundo Kahn, excluindo o último trimestre de 2008, quando a greve da Polícia Civil prejudicou o registro de casos, os roubos crescem há três trimestres consecutivos, o que atesta a tendência de alta. HOMICÍDIOS Até mesmo os homicídios, que estavam em queda havia 29 trimestres consecutivos, registraram uma alta. O crescimento foi ínfimo - 0,7% no Estado. Na capital e na Grande São Paulo, os assassinatos continuaram a cair. A queda foi de cerca de 6% nas duas regiões. A taxa é menor do que a anterior, quando esse tipo de crime contava queda de até 14% por trimestre. A redução da velocidade de queda dessas duas regiões foi acompanhada pelo aumento de 11% registrado no interior. "Sabíamos que os homicídios não iam cair indefinidamente. Estamos próximos de uma estabilização desse tipo de crime no Estado", afirmou Kahn. COMBATE Para enfrentar essa nova realidade da criminalidade, o delegado-geral, Domingos de Paulo Neto, determinou anteontem à Polícia Civil que as investigações de roubos se tornem prioridade da instituição. Para tanto, o delegado-geral vai retirar homens de grupos especializados em patrulhamento da cidade, como o Grupo de Operações Especiais (GOE), e mandá-los a distritos policiais a fim de reforçar o trabalho de investigação. Já a Polícia Militar deve estabelecer como prioridade a apreensão de armas no Estado para diminuir os crimes violentos. Entre as medidas possíveis está a de premiar os policiais que mais apreenderem armas numa região. A mudança na gestão da secretaria também pode influir no combate aos crimes, diz Kahn, pois "quem assume o cargo traz um novo fôlego" - em março e abril, as chefias das polícias e da secretaria mudaram. O crescimento dos casos de crimes violentos foi acompanhado no primeiro trimestre deste ano pelo crescimento das prisões e das apreensões de armas no Estado. No período, o número de prisões foi 9,5% superior em comparação com 2008. E a apreensão de armas cresceu 4,5%. A maior apreensão de armas pode significar tanto uma melhora na atividade policial como aumento da circulação de armas de fogo no Estado. Normalmente, a diminuição da circulação de armas de fogo tem uma correlação direta com a queda de homicídios. Outros índices importantes de criminalidade aumentaram no trimestre. Esse foi o caso de estupro (33,2%), roubo de veículos (33%), latrocínio (36,2%) e furto (1,6%). Os homicídios culposos (sem intenção) caíram 7,3%, o que pode ter sido consequência da lei seca. NÚMEROS 76,9% foi o aumento de roubo registrado em Presidente Prudente, o índice mais alto do Estado 0,7% foi o índice de crescimento de homicídios no Estado, que estava em queda havia 29 trimestres 6% foi a queda do número de assassinatos na capital e na Região Metropolitana, taxa menor que a anterior, que mostrava diminuição desse crime em até 14% por semestre

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.