Em SP, M. luta para não ter 3º filho assassinado

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Por Redação
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A violência urbana levou dois dos três filhos da agente social M.D., de 45 anos, e do cobrador de ônibus J.D., de 47. Três anos separaram as mortes de J., o mais velho, e M., o caçula - o mesmo período que tinham em diferença de idade. Ambos foram assassinados pouco antes de completar 18 anos. As mortes na família de M.D. são representativas da trajetória da criminalidade em São Paulo. J. tinha apenas 14 anos quando chegou da escola 15 minutos atrasado. Foi o primeiro sinal de alerta do qual se lembra a mãe, sempre atenta, que na época trabalhava como manicure e só marcava clientes para os horários em que os filhos estavam na escola. J. foi detido em um assalto e levado para a Fundação Casa. Fugiu. A mãe internou-o em uma clínica particular para viciados - pagava 1 salário mínimo por mês. Livre das drogas, J. foi assassinado em 27 de março de 2000, 15 dias depois de receber alta da clínica. Ela não imaginava que, apenas três anos depois, perderia outro filho, dessa vez o caçula M. Ele tinha 14 anos quando o irmão mais velho morreu. Era tímido, estudioso e nunca tinha dado trabalho para os pais. Em um sábado ensolarado, conversava com amigos em uma rua do bairro lotada de gente, quando, às 3 da tarde, foi atingido nas costas por um tiro, disparado por outro jovem. O terceiro filho, do meio, também virou dependente de drogas. Tem duas passagens pela Fundação Casa e outras duas por presídios paulistas, por roubo. Em liberdade, ele garante estar longe das drogas, diz querer voltar a estudar e há seis meses está à procura de um emprego. De férias, a mãe não o deixa sair do alcance dos olhos nem por um minuto. "Eu sei que, às vezes, o sufoco", diz M.D. "Mas é porque não posso perder mais um filho. O último".

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