O Condomínio Brotas, em Artur Alvim, zona leste de São Paulo, foi ocupado antes mesmo de a obra ser concluída. O conjunto do Programa Minha Casa Minha Vida foi invadido em 2013. No fim daquele ano, houve reintegração de posse e as famílias de direito ocuparam o lugar para evitar uma nova invasão.
A decisão deixou como herança uma série de reparos por concluir e mesmo após a reintegração sete apartamentos continuam - um ano depois - invadidos. O fato abriu espaço para o crime. Segundo denúncias, um dos apartamentos é usado como ponto de tráfico. Moradores contam que homens armados e foragidos da Justiça caminham pelo residencial.
O pintor Douglas Santos, de 34 anos, síndico do Brotas, reclama que a construtora contratada pela Caixa deixou por terminar o muro, que ficou abaixo do ideal. “Qualquer pessoa entra. A Caixa nos obrigou a mudar, tivemos de vir correndo.” Além disso, os estragos feitos pelos invasores - como batentes quebrados e fiação roubada - não foram reparados. Falhas de drenagem provocam alagamentos na área comum e o esgoto invadiu um dos apartamentos.
A Caixa defende que o entupimento foi ocasionado “por mau uso do morador” e obras estariam em andamento - o que os moradores negam. A reportagem também não viu obras.
Sem água e luz. Beneficiários ainda foram levados às pressas para o Condomínio Campos do Jordão, no mesmo bairro, para evitar invasões. Isso ocorreu no fim do ano passado. Os moradores ficaram cerca de um mês sem energia e sem água.
De acordo com o síndico, Ronaldo Del Chiaro, de 53 anos, os condôminos decidiram providenciar reparos - como a instalação de portões internos e portão elétrico - por conta própria. “Não terminaram o muro, o que já facilitou a entrada de ladrões. Invadiram um apartamento e levaram tudo”, disse. A Caixa informou que enviará uma equipe técnica ao local para verificação e, “se necessário, acionará a construtora para as devidas providências”. /PAULO SALDAÑA E RAFAEL ITALIANI