30 de outubro de 2010 | 00h00
"Essa venda só nos trouxe problemas. Tivemos até de desfazer a sociedade que tínhamos por conta da operação desastrada. Por isso, vou fazer uma doação ao Ibama e não vou recorrer à Justiça. Quero continuar a fazer negócios com o governo e não vou de forma nenhuma sujar meu nome", disse Maurício.
Ele admitiu que a cobrança teria seus complicadores, como advertiu Edmundo Filho, ao lembrar que nem nota de empenho para a compra houve.
"Não vou cobrar por nada, porque houve um erro. Nosso departamento de vendas não se lembrou nem mesmo de pedir nota de empenho", justificou. Sem o empenho nenhuma venda de produto pode ser feita à administração pública federal.
De acordo com Hélio Maurício, na época a direção do Ibama pediu que o pó químico fosse entregue com a máxima urgência, porque tanto o sul do Maranhão como a Chapada Diamantina estavam pegando fogo. "Com a pressa, erramos muito. Temos de admitir isso. Então, a decisão foi a de fazer a doação de todo o material ao Ibama. Ninguém precisa se preocupar em pagar nada", acrescentou Hélio Maurício.
Riscos. Com a decisão tomada pela direção da empresa, o Ibama pode passar a se preocupar com outras questões relativas à utilização do pó químico. Como, por exemplo, o risco de aparecer algum funcionário com sequelas provocadas pelo produto - que nunca recebeu o registro do próprio instituto, não se sabendo se é seguro ou não.
Quanto ao que houve com o produto, é tudo mistério. De acordo com o inquérito administrativo aberto pelo Ibama, a Diretoria de Proteção Ambiental teria pedido à Aeronáutica o transporte de 88 brigadistas e equipamentos de Brasília para Imperatriz e o eventual emprego de uma aeronave Hércules C-130 para combater os incêndios florestais que ocorriam no sul do Maranhão.
Como o primeiro lote seria de 43 toneladas, o Ibama teria solicitado mais 30 toneladas. Mas nessa parte as informações são contraditórias.
Na sindicância fala-se em 10 toneladas. O certo é que não se sabe mais desse material nem quanto dele pode ter sido utilizado num outro incêndio, desta vez na Chapada Diamantina, na Bahia. Ou mesmo se chegou a ser levado para lá.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.