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Empresa gigante também financiou micropartidos

Por Daniel Bramatti
Atualização:

A prestação de contas do PSC, um dos integrantes da coligação que elegeu Dilma Rousseff, chama a atenção não apenas pelo repasse de R$ 4,75 milhões feito pelo PT durante a campanha, mas também pelas vultosas doações feitas pelo grupo JBS.A empresa, com atuação concentrada na produção de carnes, doou em 2010 R$ 4 milhões para o diretório nacional da legenda, que havia conquistado apenas nove vagas na Câmara dos Deputados em 2006 e cujos principais líderes se destacam no setor evangélico. Para o diretório do PSDB, em comparação, foram R$ 8,2 milhões - o partido, além de ter na época um candidato competitivo na disputa pela Presidência, havia obtido 66 cadeiras na Câmara em 2006.Consultada sobre a disparidade, a assessoria de imprensa do JBS afirmou que as doações ao PSC e a outros pequenos partidos - PRB e PTC também foram contemplados, com valores menores - foram feitas a pedido do comando da campanha de Dilma. Ou seja, os petistas não apenas fizeram transferências diretas de recursos aos aliados, como também os ajudaram a arrecadar doações privadas.João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, disse ao Estado que o partido jamais intermediou doações de empresas a outras legendas. Mas ele ressalvou falar apenas pelo PT, e não pela campanha de Dilma. José de Filippi, deputado federal por São Paulo e tesoureiro da campanha, não respondeu às ligações da reportagem a seu celular.Isonomia. O pastor Everaldo Dias Pereira, vice-presidente do PSC, também negou relação entre o PT e as doações feitas pelo JBS.Dias ressaltou que, ao fechar o acordo com o PT para apoiar Dilma, pediu apenas "isonomia" com o PC do B, um partido de tamanho semelhante e que, no entanto, detinha um ministério e outros cargos importantes no governo. "Havíamos passado quatro anos apoiando o governo Lula e nem sequer tínhamos um contínuo indicado pelo partido", disse ele.Segundo o pastor, o PSC também exigiu mudanças na política externa de um eventual governo Dilma. "Não queríamos privilégios para os inimigos de Israel", explicou. "Todo evangélico gosta de Israel."

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