O depoimento de nesta terça-feira dos empresário Ronan Maria Pinto, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), girou em torno da relação dele com Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", principal testemunha do assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT), e não entrou em detalhes sobre os contratos firmados entre as empresas dele a prefeitura do município. "Ronan veio na condição de testemunha referida, ou seja, foi convidado a depor apenas porque Gomes o citou em seus depoimentos anteriores", informou o advogado do empresário Adriano Salles Vanni. "A polícia queria saber se ele conhecia o prefeito assassinato e ele, claro, respondeu que sim, mas que a relação entre os dois sempre foi estritamente profissional." Maria Pinto é sócio de Gomes em empresas de transporte urbano que operam em vários estados brasileiros e é proprietário também da Rotedali, empresa que mantém contratos de coleta de lixo com a prefeitura de Santo André. Alguns dos contratos foram acusado s de irregularidades, por opositores de Daniel. "Mas eles já foram suficientemente investigados pelo Ministério Público, que nada encontrou de irregular", afirmou Vanni. "Em nenhum momento esta questão chegou a ser mencionada no depoimento de hoje." De acordo com Vanni, o empresário acredita na tese de que o assassinato de Daniel tenha sido um crime comum. "Uma corrente dentro da polícia acredita, inclusive, que a autoria do crime já tenha sido estabelecida: o grupo que atuava na Favela Pantanal", a firmou o advogado. "Mas os depoimentos, como o de Ronan hoje, têm que ter continuidade para a conclusão formal do inquérito." Vanni disse que seu cliente soube pelas notícias publicadas nos jornais que deveria depor nesta segunda-feira "Mas ele não recebeu nenhum convite ou nenhuma intimação para comparecer. A pedido dele, eu vim até o DHPP ontem (segunda-feira) e soube que havia interesse da polícia em colher seu depoimento, por isso marcamos para hoje", disse. Na segunda-feira, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informara que o advogado do empresário havia procurado o DHPP e pedido o adiamento do depoimento. Ao final do depoimento, que terminou pouco depois das 15 horas, Maria Pinto entrou rapidamente no automóvel que o esperava em frente ao DHPP e saiu sem falar uma única palavra com a imprensa. "Ele defende a tese de que este inquérito deve ser mantido em segredo de Justiça, por isso prefere não se pronunciar", afirmou o advogado. Durante a tarde, mais duas pessoas prestaram depoimento no DHPP. A polícia não forneceu a identidade ou a ligação dos dois com o caso. Fontes da polícia informaram que as testemunhas são moradores da Favela Pantanal, onde supostamente Daniel teria sido mantido em cativeiro, antes de ser executado.