Empresários e policiais rodoviários são denunciados em PE

De acordo com o MPF, denunciados estão envolvidos em recebimento de propinas e pagamento de valores em troca de violações de trânsito

PUBLICIDADE

Por Ricardo Valota
Atualização:

SÃO PAULO - Vinte policiais rodoviários federais de Pernambuco estão na mira do Ministério Público Federal (MPF-PE) sob acusação de vários crimes, entre eles formação de quadrilha ou bando e corrupção ativa. O alvo das investigações são agentes das delegacias da região metropolitana do Recife, de Ribeirão e de Moreno, e dos postos de Gravatá, Cabo de Santo Agostinho e Contorno (Ceasa). Segundo os promotores, os denunciados estão envolvidos em práticas criminosas que podem ser divididas em duas categorias. A primeira diz respeito ao recebimento periódico de propinas pagas por empresas de maior porte, a fim de que os caminhões dessas trafegassem livremente pelas rodovias, sem qualquer fiscalização do policial rodoviário federal envolvido no esquema. A segunda categoria refere-se à cobrança permanente e sistemática de pequenos valores ou produtos alimentícios, sob o pretexto de desconsiderar a violação de algumas regras de trânsito. Também estão sendo investigados outras 23 pessoas, na maioria, empresários do setor de transporte, que ofereceram vantagens indevidas aos policiais rodoviários federais. Dos 20 denunciados, quatro já estão presos preventivamente, desde o mês passado, quando foi deflagrada a chamada Operação Boa Viagem. São eles: José Humberto de Melo, Ecivaldo de Oliveira, Carlos Henrique Gomes e Francisco Fábio Parente Saraiva. Os demais foram afastados da função de patrulhamento. São eles: Dagoberto Fernandes de Araújo, Golbery José Bomfim de Macedo, Otaviano José dos Santos, Antonino Medeiros de Araújo, Edvaldo José Soares, Cláudio José Vilaça Lima, Elizeu Gadelha Roque, Luciana de Lima Albuquerque, José Abraão Pereira dos Reis, José Aarão Pereira dos Reis, Alonso Domingos Filho, João do Carmos Mendes Pereira, Geraldo Fabian Vidal Maciel, Adelmo Magalhães de Farias, João Batista Moreira de Lemos Neto e Marcos José da Silva. As investigações demonstram ainda que os denunciados estruturaram um sistema de cobrança de "pedágio" do qual todos se beneficiavam, no momento em que eles davam cobertura uns aos outros, tecendo uma rede de troca de favores, na qual cada um se abstinha de fiscalizar e multar as empresas e motoristas "protegidos" dos demais. Um desses protegidos distribuía "vales-tocos" aos seus motoristas, como garantia de que os veículos seriam liberados sem qualquer problema mediante a apresentação do "documento" aos policiais. A segurança dos usuários das rodovias não era levada em consideração pelos denunciados, que só pensavam em aumentar seus rendimentos. Segundo ainda o MPF, entre as empresas de maior porte envolvidas no esquema de propina para pagamento de policiais estão a Via Mix Distribuidora LTDA, LDB Transporte Cargas LTDA, Unilink Transportes Integrados LTDA, Braspress LTDA, SM Recife Logística e Armazenamento LTDA, Transportadora Mackenzie, Rodoviária Ramos LTDA, Usina Bulhões e Pedreira Vitória das Pedras.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.