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Empresas de ônibus protestam contra morte de passageiros

Por Agencia Estado
Atualização:

As empresas que operam o transporte coletivo em Campinas promoveram manifestações hoje em protesto pela morte de três passageiros na quarta-feira à noite, no trevo da Rodovia Dom Pedro I de acesso à Avenida Mackenzie. Os passageiros foram assassinados a tiros durante um assalto por três homens armados. Os ônibus coletivos circularam de faróis acesos e adesivos pretos nos pára-brisas. Todos os funcionários das seis empresas, inclusive os administrativos, carregaram uma fita preta na roupa. Faixas com a inscrição "O transporte coletivo está de luto" foram espalhadas pelas garagens das empresas e pelos terminais de ônibus da cidade. O protesto deverá se estender por pelo menos uma semana. Na próxima terça-feira, os empresários se reúnem com o comando da Polícia Militar de Campinas para exigir medidas efetivas de combate à violência. Na noite em que os passageiros foram executados, outros 13 assaltos a ônibus ocorreram em Campinas. A Transportes Urbanos de Campinas (Transurc), associação das seis permissionárias, informou que não tem levantamento desse tipo de ocorrência, mas lamentou a freqüência com que elas se repetem, colocando vidas em risco. Os três assaltantes invadiram o coletivo que transportava 12 passageiros, em uma das linhas mais tranqüilas da cidade, do Centro ao Distrito de Sousas. Obrigaram o motorista a desviar a rota, assaltaram todos dentro do ônibus e disparam tiros, matando três pessoas. Segundo divulgou a Transurc, os criminosos mataram os que não tinham dinheiro. Uma passageira, no entanto, contou outra versão. Ela estava sentada no mesmo banco que o estudante Felipe Lantucci de Oliveira, de 17 anos, um dos mortos na tragédia. Amigos, os dois permaneceram abraçados durante o assalto. A jovem, que pediu para ter sua identidade preservada, contou que os bandidos atiraram contra o jardineiro Nailton Neris dos Santos, de 34 anos, que os tinha reconhecido. Santos foi morto para não identificar os assaltantes. Ao disparar contra o jardineiro, os assassinos acertaram também o estudante e a empregada doméstica Alda do Nascimento Santos, de 40 anos, que estavam sentados na mesma fileira, alguns bancos atrás. A jovem somente percebeu que o amigo estava ferido depois que os bandidos fugiram a pé. Ela comentou com ele o horror do assassinato, mas não obteve resposta. Os três chegaram a ser socorridos, mas morreram no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma quarta vítima foi ferida na perna. A passageira contou ainda que o jardineiro entregou todo seu dinheiro aos bandidos. Ela passou os dois últimos dias em estado de choque, sob efeito de calmantes. A Polícia Militar informou que promove ações de fiscalização em ônibus nas regiões de maior risco. Na noite da tragédia, uma megablitz estava sendo realizada nas 90 cidades da região de Campinas, envolvendo quase 900 policiais.

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