Encontrado na cratera corpo de contínuo desaparecido

Corpo de Cícero Augustinho da Silva, a sétima vítima do desabamento no metrô, foi resgatado dos escombros às 23h50 e seguiu para o IML de São Paulo

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Por Agencia Estado
Atualização:

A cadela Dora, da raça labrador, encontrou às 21h desta quinta-feira o corpo do contínuo Cícero Augustinho da Silva, 60 anos, sétima vítima da tragédia das obras da futura Estação Pinheiros do Metrô. O corpo foi resgatado às 23h50 e levado para IML Central. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um documento de Cícero foi localizado junto ao corpo. De acordo com Celso Periolli, diretor do Instituto de Criminalística, a confirmação oficial da identidade só seria feita após a análise das impressões digitais no Instituto Médico Legal. O capitão Mauro Lopes, do Corpo de Bombeiros, informou que o corpo estava preso aos escombros, 5 metros acima de onde foi encontrada a van tragada pela cratera na tarde do último dia 12. O governador José Serra (PSDB) chegou ao local do desabamento às 22h45. O secretário de Estado da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, chegou pouco depois. Em coletiva no local do acidente, Serra afirmou que sua esperança era de que o corpo encontrado tenha sido o último. O governador deixou o local meia hora depois. Segundo o coronel João Santos de Souza, comandante do Corpo de Bombeiros, a vítima estava em uma espécie de galeria. As cadelas indicaram que poderia haver um corpo no local e os bombeiros passar a escavar a área. A vítima não estava soterrada, mas presa a ferragens formadas por fios elétricos, placas de rua, armações de postes e outdoors. Os bombeiros acreditam que ela tenha morrido de politraumatismo e não asfixia. O comandante Souza afirmou que talvez a galeria não seja exatamente o local onde a vítima morreu. A chuva e os constantes deslizamentos de terra podem ter arrastado o corpo. Depois do encontro do copo, os bombeiros cortaram as ferragens para fazer a retirada da vítima. A galeria onde estava o corpo fica na região da Rua Capri, próximo ao ponto onde seria construída a plataforma de embarque da Estação Pinheiros. Os dois filhos de Cícero, Alex e Alexandre, de 23 anos, chegaram a acompanhar as escavações por uma hora e meia, ao lado da cratera, durante o dia. ?Estou triste. Agora, há a certeza de que ele está lá embaixo?, disse Alex, resignado com a provável morte do pai. À noite, eles receberam, por telefone, a notícia do encontro do corpo. Eles seguiriam para o IML no início desta madrugada. Na quarta-feira, o Departamento de Homicídios e roteção à Pessoa (DHPP) confirmou que o contínuo estava mesmo no local do desabamento, após uma semana de dúvidas sobre o paradeiro dele. Cícero esteve no Edifício Passarelli e descia a Rua Capri, às 14h45, para pegar uma van na Estação Pinheiros da CPTM, quando houve o desmoronamento. Os últimos passos O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ouviu o depoimento de uma funcionária do Edifício Passarelli que se encontrou com Cícero na porta do prédio, próximo do local onde se abriu a cratera. Foi para ela que, às 14h38, o contínuo fez uma ligação do próprio celular. O telefonema foi rastreado pela antena da Estação de Radiobase (ERB) da Rua Eugênio de Medeiros, perto do local do acidente. Cícero fez serviços bancários para a funcionária e foi receber o pagamento. Ele pegou o cheque, se despediu dela e caminhou em direção à Estação Pinheiros. A delegada titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP, Gislaine Ribeiro Doraide Pato , conseguiu rastrear os últimos passos de Cícero. Ela apurou que o contínuo saiu de casa, em Perdizes, na zona oeste, entre 9 horas e 9h30, sem informar o destino. Às 13 horas, fez contato com um comerciante da Rua Alfonso Bovero. Nesse telefonema, Cícero disse que iria para Pinheiros. Às 13h25, o contínuo recebeu um telefonema e conversou durante 27 segundos. Ele disse que iria para Pinheiros e à tarde encontraria outra pessoa num bar em Perdizes. Mais tarde, Cícero encontrou um amigo no ônibus da linha Perdizes-Sacomã. O amigo disse que ele desceu na esquina da Rua Cardeal Arcoverde. O contínuo ia para Pinheiros. Às 14 horas, encontrou com outra pessoa para confirmar um encontro mais tarde na Estação Vila Madalena do metrô. Outras ligações também foram rastreadas e as pessoas que conversaram com Cícero foram localizadas. Elas disseram que na conversa o contínuo também informou que ia para a região do acidente.

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