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Enterro de família acaba em tumulto

Pai que matou mulher e dois filhos foi sepultado em horário diferente

Por Felipe Grandin
Atualização:

Cerca de 200 pessoas foram ontem ao enterro de Zelito Jesus de Araújo, de 41 anos, Maria do Socorro Barbosa, de 43, e dos filhos Lucas, de 8, e Gênesis, de 9. O aposentado matou a mulher e os dois filhos a golpes de martelo na madrugada de segunda-feira, dentro de casa, na Favela Santa Terezinha, zona sul de São Paulo. Em um acesso de fúria, destruiu 17 carros e só parou ao ser morto a tiros por um policial. Os quatro foram enterrados lado a lado no Cemitério Campo Grande. A mãe e os filhos foram sepultados às 15h30, logo depois de Araújo. Parentes e amigos bateram palmas e jogaram terra nas covas com as mãos. ''''Ainda estamos em choque'''', disse Marise Barbosa Silva, de 47, irmã de Maria. O aposentado foi velado em local diferente e sepultado antes da mulher e dos filhos, mas isso não evitou o conflito entre as famílias. Durante o velório houve discussão e tumulto. Lidiane de Jesus, sobrinha do aposentado, reclamou: ''''Queriam derrubar o caixão, como se a gente também não estivesse sofrendo.'''' Depois do enterro, outro bate-boca. Antônio Barbosa, irmão de Maria, tentou acalmar os ânimos. ''''Isso é uma reunião de família. Estamos juntos'''', disse. Parentes não se conformavam com o fato de Araújo ter parado o tratamento para epilepsia, depois de um pastor da Igreja Universal ter dito a ele que estava curado. Segundo eles, a falta do medicamento o levou a matar a família. Há quatro anos, ele teve um ataque semelhante, mas foi contido. Apesar de o crime ter acontecido na madrugada de terça-feira, só ao meio-dia de ontem o local do enterro foi definido. As famílias não tinham R$ 1.270 para pagar o sepultamento e precisaram pedir dinheiro a amigos e vizinhos.

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