Escolas de samba buscam verba para desfiles

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A pouco mais de um mês para o carnaval, as escolas de samba ainda estão correndo atrás de dinheiro para os desfiles. Uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, a Portela depende de verba de governo para botar o carnaval na rua. O enredo Brasil mostra a tua cara e marca para o mundo tem patrocínio de R$ 900 mil dos ministérios do Turismo e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Assim como a azul e branco, a tricampeã Beija-Flor está recebendo apoio, mas não na esfera federal. A Prefeitura de Poços de Caldas, tema do desfile deste ano, é uma das principais financiadoras da agremiação de Nilópolis. Já a Mangueira aguarda a liberação de mais R$ 250 mil reais do governo do Ceará para concluir Das águas do Velho Chico, nasce um rio de esperança, que mostra eventuais benefícios da transposição do rio São Francisco. "Hoje em dia, é impossível fazer carnaval só com recursos da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). Senão, não é competitivo. Por isso, temos procurado trabalhar com enredos que possam ser interessantes na busca por patrocinadores", avalia a diretora de marketing da Portela, Maria Teresa Colomer, explicando que os recursos arrecadados com os ensaios dentro e fora da quadra também são insuficientes para bancar os custos do desfile de carnaval, orçado este ano em R$ 4,5 milhões. Segundo Maria Teresa, o tema que a Portela vai apresentar este ano chamou atenção do governo federal porque conta a história do povo brasileiro e enaltece personalidades que fazem sucesso aqui e no exterior, nas mais diversas áreas, como esporte, ciência e moda. "Eles vão divulgar a marca Brasil através da marca Portela", explicou a diretora, referindo-se ao ministério do Turismo e às duas agências ligadas à exportação brasileira e ao desenvolvimento industrial, ambas do governo federal. A Mangueira, que decidiu apostar no projeto de transposição do São Francisco, defendido pelo governo federal, ainda espera por patrocínios vindos dos Estados cortados pelo rio. Até agora, apenas o Ceará liberou uma verba, no valor de R$ 250 mil, com a promessa de liberar parcela de igual valor em breve. O presidente da escola, o presidente Álvaro Luiz Caetano, o Alvinho, entrou em contato com vários governadores para conseguir recursos adicionais, entre eles, o Ceará. Presidente da Caprichosos de Pilares, Paulo de Almeida, confessa ter contado com a ajuda do governo capixaba na hora de arrecadar recursos para o enredo Na folia com o Espírito Santo, o Espírito Santo caprichou!. O apoio, porém, não foi financeiro, segundo ele. "A gente mostrou o nosso enredo e o governo comprou a idéia, mas não entrou com nenhum tostão, apenas mobilizou as empresas. São elas que estão dando recursos", explicou o dirigente, acrescentando que a Chocolates Garoto é a grande patrocinadora do carnaval deste ano. Mas nem a ajuda adicional aos recursos liberados pela Liesa e arrecadados pela própria escola, com a promoção de ensaios, por exemplo, tem livrado a agremiação do aperto. "Claro que está faltando dinheiro. Dinheiro no carnaval voa, é que nem furacão", disse, sem citar valores. A Rocinha, que este ano vai desfilar no Grupo Especial, também está pedindo ajuda para concluir o enredo Felicidade não tem preço, sobre os contrastes entre o morro e asfalto. A escola conta com ajuda de um pool de empresas de diversos setores, mas nomes e valores não são divulgados pela direção da escola. Na contramão de boa parte das 14 escolas que integram o Grupo Especial, estão, por exemplo, Unidos da Tijuca, e Salgueiro. Ambas contam apenas com arrecadação própria e com recursos da Liesa, advindos, por exemplo, da venda de ingressos e de camarotes do Sambódromo e da comercialização dos direitos de transmissão do desfile pela televisão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.