Escutas mostram que pelo menos 4 companhias foram prejudicadas

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Por Redação
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Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal indicam que pelo menos quatro empresas de transporte de passageiros foram lesadas pelo esquema desvendado pela Operação Veredas. Duas delas - Brasil Sul Linhas Rodoviárias e Viação Motta - disseram ter notado um rigor excessivo da fiscalização nos últimos meses. As demais - Aruanã e Itapemirim - preferiram não se manifestar sobre as investigações, alegando desconhecer qualquer ato lesivo praticado por suas concorrentes. O diretor jurídico e financeiro da Brasil Sul, Estefano Boiko Júnior, diz que, numa fiscalização de rotina, um inspetor entrou no ônibus antes da viagem, defecou no toalete e multou a empresa por falta de higiene. "É tão absurdo que chega a ser cômico", comentou. "Casos de fiscais perseguindo nossos ônibus pelas estradas também ocorrem com certa freqüência." Em quatro anos de existência, a Brasil Sul diz ter acumulado quase R$ 1,6 milhão em multas aplicadas pelos órgãos fiscalizadores. "Seguindo a mesma proporção que nós recebemos em menos de quatro anos, qual seria o valor das multas aplicadas até hoje ao Grupo Garcia?", questiona Boiko. A Andorinha também é acusada de pagar propina a policiais rodoviários federais para prejudicar a Viação Motta, sua principal concorrente em Presidente Prudente, no oeste paulista. "A Andorinha é vilã nessa história", disse uma fonte ouvida pelo Estado. "Os policiais recebiam propinas para fiscalizar com rigor os ônibus da Viação Motta, facilitando a vida da Andorinha. É um querendo engolir o outro." Segundo a fonte, os ônibus da Viação Motta eram multados quando deixavam a estrada para, por exemplo, pegar passageiros em cidades que não constam da lista de paradas obrigatórias das linhas regulares. "Era uma fiscalização rigorosa, com multas pesadas, para inviabilizar a empresa concorrente." Os policiais rodoviários presos pela PF também costumavam parar os ônibus da Viação Motta nas rodovias e obrigar os passageiros a desembarcarem. "É o que se chama de transbordo. Os passageiros desembarcavam do ônibus multado e eram transferidos para o ônibus da concorrente (Andorinha)." Procurada, a Andorinha confirmou que teve funcionários presos, mas negou que fossem executivos ou sócios. O Grupo Garcia alegou que não havia ninguém disponível para dar esclarecimentos. Já a Penha informou que não iria se manifestar sobre a operação. SANDRO VILLAR, ESPECIAL PARA O ESTADO, BRUNO TAVARES e RODRIGO PEREIRA

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