Esgoto é causa da espuma no Tietê em Salto, diz Cetesb

Sabão e detergente do esgoto in natura lançado no rio provocam a formação da espuma durante a estiagem

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Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela e da Agência Estado
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O excesso de esgoto é a causa da formação de espuma no rio Tietê na região de Salto, segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). A espuma voltou a cobrir o rio na área urbana depois de quase dois anos de ausência. De acordo com o gerente do setor de Águas Interiores, Nelson Menegon Júnior, a espuma resulta da presença de detergentes no esgoto lançado no rio. Como a quantidade de água é menor por causa da estiagem, nesta época do ano a concentração de esgoto equivale a 50% da vazão total do rio. De acordo com o gerente, depois que passa pela Região Metropolitana, o rio Tietê apresenta uma vazão média anual de 116 metros cúbicos por segundo. No período de chuvas, a vazão chega a 160 m3 por segundo, mas na estiagem, de abril a setembro, cai para 70 m3/s. Desse total, 35 metros cúbicos por segundo são esgotos lançados apenas na Grande São Paulo. Somente uma parte dessa carga - 15 metros cúbicos por segundo - é tratada nas cinco estações de tratamento da região. Os 20 metros cúbicos restantes são lançados no rio in natura. "A culpa pela espuma é dessa parcela não tratada", disse Menegon. Esse esgoto contém os detergentes que, nas corredeiras, entram em contato com o oxigênio e formam a espuma. Em Santana de Parnaíba, a quantidade de detergente é de 2,3 miligramas por litro. Para formar espuma, basta a presença de 0,5 mg por litro. De São Paulo a Salto, o rio tem um desnível de 235 metros, o que facilita a aeração da água. Apesar disso, segundo o técnico, a qualidade do rio não é tão ruim. A Cetesb tem um ponto de monitoramento em Salto e, na última medição, em abril deste ano, encontrou 7,3 miligramas de oxigênio por litro de água. Na medição anterior, em fevereiro, havia apenas 2,7 miligramas por litro. "A partir de 4 miligramas de oxigênio por litro a vida aquática já está protegida." Ele admitiu ser possível que o nível de oxigênio tenha diminuído após a última medição, justamente por causa da estiagem. A Cetesb deve fazer nova coleta esta semana. A espuma torna-se mais problemática quando o vento descola os flocos do leito do rio e leva para áreas urbanas, podendo causar irritação na pele, olhos e nariz. A hidrelétrica da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) em Pirapora do Bom Jesus, entre Salto e São Paulo, tem um sistema de abatimento - uma espécie de chuveiro sobre o rio - que é ligado quando há espuma em excesso. Menegon considera que a solução do problema virá como avanço da terceira fase do Projeto Tietê, que prevê a ampliação no tratamento dos esgotos na Região Metropolitana. A população pode contribuir, segundo ele, reduzindo o uso de detergentes e saponáceos em casa. "Usar menos sabão em pó e detergente nas tarefas domésticas já será uma boa ajuda."

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