Especialista americana diz que cooperação comunitária reduz crime

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Por Agencia Estado
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A especialista em segurança pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Catherine Coles, disse nesta segunda-feira que os índices de criminalidade urbana em seu país se reduziram nas regiões onde se criou uma cooperação entre policiais, promotores e cidadãos. Em palestra na Câmara dos Deputados, em Brasília, Catherine afirmou que a fórmula pode ser usada até no combate e na prevenção de crimes graves, como tráfico de drogas e homicídios. Uma das cidades norte-americanas mais violentas no passado, New Jersey, viveu uma experiência de aliança para combater os crimes. "É um exemplo de mudança para policiamento e promotoria comunitária", disse Catherine. Ela relatou que, na experiência daquela cidade, foi realizado inicialmente um estudo para verificar quem eram as vítimas e quem os autores dos delitos. "Todos diziam que o problema das drogas causava os homicídios", afirmou. "Descobrimos que assassinos e assassinados tinham características semelhantes: tinham antecedentes criminais, mas passaram pouco tempo presos." Ela informou que uma das estratégias adotadas foi reunir os delinqüentes, informando-lhes que seria estabelecida uma nova política. Se eles se envolvessem em novos crimes, teriam tratamento muito mais duro, seriam levados a um promotor federal. Por outro lado, os delinqüentes souberam que lhes seriam oferecidas oportunidades, como aconselhamento e treinamento para o desempenho de atividades produtivas. "Uma estratégia de incentivos e sanções", resumiu a especialista. Segundo ela, nos dois primeiros anos da experiência de combate à violência posta em prática na cidade de New Jersey, o nível dos homicídios diminuiu em cerca de 30%. Também foram adotadas políticas para constranger, por exemplo, os clientes de prostitutas. Em alguns casos, eles eram obrigados a realizar um serviço comunitário de limpeza de ruas com a presença da imprensa. Com a imagem divulgada na mídia, os clientes da prostituição diziam que nunca mais se envolveriam com essa atividade. Outra estratégia usada contra casas para consumo de drogas, por exemplo, foi fechá-las por outros problemas, como falta de extintores de incêndio. Catherine disse que os Estados Unidos convivem atualmente com o problema do retorno à sociedade dos delinqüentes que estiveram presos durante a experiência de cooperação entre autoridades e integrantes da sociedade. "Eles não tiveram a experiência do policiamento comunitário e estão criando problemas", disse. "Estamos tentando elaborar novas estratégias para tratar desses segmentos", disse.

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