Especialistas acham improvável que bomba tenha derrubado AF 447

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Por WILLIAM MACLEAN
Atualização:

Serviços de inteligência e analistas de segurança que monitoram grupos extremistas ainda não viram nada que indique a possibilidade de ação terrorista envolvida na queda do vôo 447 da Air France. Especialistas em segurança dizem que o fato de ninguém ter reivindicado a responsabilidade pelo desastre e a ausência de comentários em sites ligados a redes de guerrilhas são indicativos, embora circunstanciais, que apontam para um acidente como a causa provável da queda do avião com 228 pessoas a bordo. "Um ataque não é a teoria principal no momento", disse Anthony Glees, diretor do Centro de Estudos de Segurança e Inteligência da Universidade de Buckingham, no Reino Unido. Uma fonte de segurança ocidental que se negou a ser identificada por não ser autorizada a falar à imprensa disse, sem dar maiores detalhes, que por enquanto o desastre está sendo visto como acidente. As autoridades estão perplexas, sem entender como um avião moderno pode ter caído no mar sem dar a sua equipe de três pilotos experientes tempo para enviar um pedido de socorro. "O sentimento é de estranheza. Muitas pessoas acham que não se pode excluir a hipótese de terrorismo, mas não encontramos nada que substancie essa idéia", disse Claude Moniquet, do Centro Europeu de Inteligência Estratégica e Segurança, um instituto de estudos com sede em Bruxelas. A Air France e o governo francês vêm dizendo que o mau tempo e a turbulência provavelmente provocaram o desastre ocorrido no vôo que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, mas não excluíram outras causas possíveis, incluindo o terrorismo. As especulações sobre uma bomba se devem à notícia de que em 27 de maio, quatro dias antes da queda do avião, a Air France recebeu um telefonema anônimo avisando que uma bomba estava escondida num avião que partiria de Buenos Aires. Um porta-voz da companhia aérea disse que o avião foi revistado, não foi encontrada nenhuma bomba, e o avião decolou com uma hora e meia de atraso. Ele acrescentou que alertas desse tipo são relativamente comuns. Uma fonte da Polícia de Segurança da Aeronáutica, na Argentina, disse à Reuters que as autoridades francesas não pediram informações adicionais sobre a ameaça de bomba de 27 de maio. Um juiz foi encarregado de realizar uma investigação de rotina sobre a ameaça de bomba. Uma fonte no tribunal que conduz a investigação disse que até agora os esforços para rastrear o telefonema em que foi feita a ameaça de bomba não renderam resultados. As fontes disseram que um homem anônimo telefonou para um escritório da Air France no centro de Buenos Aires, não para o escritório da empresa no aeroporto, na manhã de 27 de maio, e perguntou sobre o horário de partida de um vôo da Air France. Então disse "há uma bomba nesse avião", e desligou. Analistas de segurança acreditam que as agências de inteligência que monitoram sites na Internet e interceptam telefonemas teriam captado algum comentário sobre o incidente entre grupos e redes como a Al Qaeda, se essas organizações fossem responsáveis. Os sites usados por grupos filiados à Al Qaeda e que são monitorados por jornalistas da Reuters não divulgaram mensagens sobre o assunto. Moniquet disse que sua organização não encontrou nada nos Web sites de extremistas. O Grupo de Inteligência de Sites, que monitora terrorismo e tem sua sede nos EUA, também informou não ter visto "nada relevante". Uma reivindicação de responsabilidade, quer seja espúria ou genuína, normalmente é feita após a derrubada criminosa de um avião. Philip Baum, da Aviation Security International, disse que a ausência de reivindicação de autoria não é sinônimo de ausência de ação criminosa. "Mas seria extremamente incomum que não fosse feita qualquer ameaça anterior específica contra a aeronave ou contra essa rota em geral. E o fato de não ter sido feita nenhuma reivindicação de autoria imediatamente após o ataque tende a reduzir a probabilidade de ação criminosa." "Em última análise, precisamos ter acesso aos destroços do aparelho", disse Chris Yates, da Jane's Aviation. "Se estamos falando de um artefato explosivo, então, mesmo que os destroços tenham passado tempo considerável mergulhados na água, ainda haverá evidências físicas que indicarão o que foi."

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