Os principais especialistas em segurança pública do Rio de Janeiro divulgaram esta semana um documento em que propõem maior controle e transparência das ações policiais, sobretudo em áreas de confronto, para reduzir o número de mortes dolosas (intencionais) no Estado. O texto, assinado por 22 instituições que reúnem estudiosos da violência, recomenda, além da adoção urgente de novas regras e práticas, a marcação da munição usada pelos policiais por lotes de 50 cartuchos. Feito a pedido do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), o documento afirma que a defesa da vida é ?responsabilidade suprema do governante eleito? e ?rumo primordial e prioritário da Secretaria de Segurança Pública". A primeira estatística de criminalidade divulgada este ano pelo governo do Rio de Janeiro, referente ao mês de janeiro, mostrou que o governo Cabral obteve um recorde negativo: 117 pessoas morreram em supostos confrontos com policiais. Foi o maior número de mortes registrado para o mês de janeiro desde 1998 - uma média de quase quatro mortos por dia, e 51 casos a mais que no mesmo período de 2006, quando a polícia matou 66 pessoas. Os homicídios dolosos também aumentaram 9,6% na gestão Cabral, saltando de 480 para 526, no mesmo período. O documento foi entregue pelos pesquisadores ao secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, na semana passada, durante uma longa reunião. Segundo participantes do encontro, Beltrame teria concordado com o diagnóstico, mas não disse quando e nem como as sugestões se transformariam em ações concretas. Os especialistas defendem, além da revisão completa do uso da força e do controle das armas e munições dos policiais, a investigação e elucidação das mortes por agressão no Estado. Sugerem ainda que, a fim de diminuir ?a vitimização de e por policiais? somente as tropas da elite da Polícia Militar e da Polícia Civil sejam usadas em operações de alto risco, nas áreas de conflito armado. Matéria atualizada dia 11 de abril, às 15h21