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Estado e município não se responsabilizam por enchentes

Por Agencia Estado
Atualização:

A exemplo da população, o Estado e o município não se sentem responsáveis pelas enchentes, agravadas pelo lixo que entulha córregos, bocas-de-lobo e galerias. A Secretaria Municipal de Implementação das Subprefeituras (SIS), por exemplo, alega que é responsável apenas pela microdrenagem, e as enchentes são causadas pela baixa profundidade da calha do Rio Tietê. Aprofundá-la é uma tarefa do Estado. Já o Estado defende-se dizendo que, na maioria das enxurradas, o rio nem chega a sair de seu leito. O assessor do Gabinete da SIS, Ricardo Pacheco, insiste, no entanto, que o responsável maior pelas cheias é mesmo o Tietê. "O problema só será resolvido quando a calha do rio for aprofundada", diz. "O que as bocas-de-lobo, galerias, córregos e canais fazem é apenas a microdrenagem. Mesmo que estivessem limpos, não resolveriam o problema." Mesmo assim, Pacheco diz que a limpeza vem sendo feita. "Neste ano limpamos 2.200 quilômetros de córregos, quase o dobro da extensão existente na cidade, que é de 1.216 quilômetros", diz. "Isso significa que alguns córregos foram limpos mais de uma vez. O mesmo foi feito com as bocas-de-lobos. Existem 390 mil e limpamos 500 mil." O Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb), da Secretaria Municipal de Serviços e Obras, também assegura que está fazendo sua parte. "Todas as ruas pavimentadas da capital, num total de 5 mil quilômetros, são varridas todos os dias", diz o diretor do Limpurb, Marco Antônio Fialho. "Somando esse lixo ao doméstico, recolhemos 12 mil toneladas diárias." Fialho admite algumas falhas, porém. Uma delas é a escassez de lixeiras. "Hoje elas são em número insuficiente e muitas estão quebradas ou colocadas em lugares inadequados", reconhece. "Isso leva as pessoas a jogarem lixo no chão." Ele diz, no entanto, que o problema será solucionado no ano que vem. "Estamos abrindo licitação no valor de R$ 3 milhões para a compra de 140 mil lixeiras." Para o secretário estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras de SP, Antonio Carlos de Mendes Thame, a prefeitura deve entender que só resolverá o problema com obras e engenharia, não com esgrima verbal. "A solução definitiva está nos piscinões e no aprofundamento da calha do Tietê, que é o que estamos fazendo" diz. "Mas se as galerias e bocas-de-lobo não forem limpas e redimensionadas, as enchentes pontuais continuarão ocorrendo."

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