''''Estava sentado, senti a pancada e voei longe'''', conta estudante

Maior parte das vítimas teve lesões leves no abdome e pernas; mortos não foram identificados

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Por Pedro Dantas e RIO
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No Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, era intensa a movimentação de feridos e de familiares em busca de notícias de pessoas que não chegaram em casa após o trabalho. Para lá, foram levadas 26 das 101 vítimas da batida entre dois trens no Ramal de Japeri. Assustados, feridos liberados falaram do pânico que se seguiu ao impacto. "Eu estava no terceiro vagão, dormindo, quando ouvi o barulho e fui jogada no chão. Um carro que passava me trouxe ao hospital. Ainda sinto muitas dores no corpo e lembro das pessoas gritando e tentando sair do trem pelas janelas para escapar de qualquer maneira", contou a manicure Flávia Silva da Conceição, de 26 anos. De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros Riverson Miranda, que participou do atendimento às vítimas no Hospital da Posse, a maior parte dos feridos teve traumatismos leves na região do abdome e nas pernas. Muitos foram liberados após os primeiros socorros, como o estudante Jeferson Lima Ferreira, de 16 anos. "Estava sentado. Senti a pancada e voei longe", disse. Pelo menos duas pessoas com traumatismo craniano leve continuaram internadas. Apesar da grande mobilização de ambulâncias, muitas vítimas chegaram ao hospital em carros particulares. Os parentes da aposentada Edite Oliveira de Souza, de 60 anos, estavam preocupados com a demora dela e foram avisados por um vizinho de que ela estava no Hospital da Posse. "Moramos em Japeri e ela não costuma se atrasar. Ficamos alertas e recebemos a péssima notícia de um conhecido", disse o genro de Edite, Manoel da Silva, de 38 anos. O maquinista Wellington da Rocha, de 30 anos, chegou a ser atendido no Hospital da Posse, mas foi transferido para o Hospital Mario Leone, em Duque de Caxias, em estado grave, com traumatismo medular. Luciana Apolinário Teixeira, de 37, foi transferida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na zona norte. No Instituto Médico-Legal, a poucos metros do Hospital da Posse, assistentes sociais da prefeitura esperavam os parentes dos mortos no acidente. Até as 23h30, as duas mulheres e os seis homens que morreram na batida não haviam sido identificados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, esteve no hospital e conversou com os médicos. "O trabalho de perícia começou logo após o acidente e não tem prazo para terminar."

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