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''Estou numa trincheira e não abro mão'', diz arquiteto

Por Clarissa Thomé
Atualização:

A polêmica em torno da Praça da Soberania colocou o arquiteto Oscar Niemeyer numa trincheira - e a expressão é dele próprio. Cercado por amigos arquitetos, alguns deles ex-presidentes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Niemeyer está reunindo artigos e pareceres de advogados favoráveis à construção da praça. Os documentos formarão um dossiê, que será encaminhado ao Iphan do Distrito Federal, cujo superintendente, Alfredo Gaspal, é um dos principais críticos do projeto, à imprensa e ao governo. "Sou obrigado a defender o meu trabalho. E vou defender. Eu me sinto muito apoiado pelos meus amigos. De modo que vou continuar. Estou numa trincheira e não abro mão. Sou um arquiteto, com um trabalho feito", disse ontem ao Estado. Niemeyer não esperava tanta polêmica. E completou: "Eu não quero falar mal de Brasília. Não vou falar. Fico meio constrangido. Vou guardar para mim o que eu penso da cidade. Mas eu acho que o meu trabalho vai enriquecê-la." Sobre as críticas que recebeu, diz que prefere não rebatê-las. "Quero deixar passar um tempo para me pronunciar melhor." Mas deixa escapar uma alfinetada: "Se o instituto (Iphan) levasse em conta o que eu fiz pelo mundo, iria sentir que estou fazendo conhecida a nossa arquitetura. Agora, o presidente do instituto, que eu não sei o que fez até hoje, se permite me criticar. Mas não vou manter essa discussão com pessoas pelas quais não tenho o menor apreço". Niemeyer ficou magoado com a filha de Lúcio Costa, Maria Elisa. Ela esteve no escritório do arquiteto, conheceu o projeto e depois enviou uma carta, em que defendia que o prédio destinado ao Memorial dos Presidentes prejudicava a rodoviária, projetada por seu pai. Elegante, Niemeyer não quis comentar as entrevistas concedidas por Maria Elisa, em que se referiu ao projeto como "um vacilo aos 101 anos". O arquiteto Ítalo Fiorito, que esteve no escritório de Niemeyer ontem, lembra que a portaria de tombamento de Brasília também tem em seu texto artigo que dá a Lúcio Costa e Niemeyer o direito de fazer modificações no projeto de Brasília. "A cidade não estava concluída quando houve o tombamento", afirma.

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