Estudante é detido por planejar assassinato da mãe

Acusado, porém, foi liberado em seguida porque no período eleitoral só são permitidas prisões em flagrante

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Por Agencia Estado
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O estudante do quarto ano de Direito, Adriano Saddi Lemos Oliveira, de 23 anos, foi detido na noite desta quinta-feira, 28, e indiciado por homicídio qualificado, como mandante do assassinato de sua mãe, a empresária do setor imobiliário Marisa Saddi, de 46 anos. A polícia, porém, não pôde mantê-lo preso devido à lei eleitoral que só permite prisões em flagrante na semana que antecede as eleições. O crime ocorreu na noite de 26 de julho em Vargem Grande Paulista, no interior do Estado de São Paulo. Policiais do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) apuraram que Saddi pagou R$ 40 mil para que dois pistoleiros seqüestrassem e assassinassem Marisa. Segundo a polícia, no momento em que a mãe era morta, o filho assistia a um jogo de futebol na residência dela, num condomínio, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Na casa tudo estava preparado para Marisa sair em viagem de férias. Durante o velório, segundo uma testemunha, Saddi chorou muito e lamentou o nível a que chegou a violência em São Paulo. Os pistoleiros foram pagos com o dinheiro obtido pela venda de um Audi. Tanto a contratação dos matadores, quanto a venda do veículo e o pagamento dos pistoleiros foram feitos por Cristiano Borges Ferreira, de 27 anos, motorista da família há oito anos. Ele levou os assassinos ao condomínio na caçamba de uma picape Mitsubishi, pertencente à família Saddi. O caso foi esclarecido por policiais do Denarc por acaso. Eles detiveram Ferreira por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas. Assustado, ele entregou Saddi, que foi detido na região central da capital. Ao ser detido, o estudante contou aos policiais que é o administrador dos imóveis da família de classe média alta e que, recentemente, vendeu a uma instituição de ensino um imóvel no Butantã, na zona oeste, por R$ 15 milhões. Saddi confessou também ter planejado o seqüestro e a morte da mãe por motivação financeira. Disse que dava a ela uma mesada que variada de R$ 15 mil a R$ 60 mil e que Marisa gastava grande parte desse dinheiro com o namorado, a quem sustentava. "Mandei matá-la para não ficar sem minha herança", afirma. Dizendo estar arrependido, Adriano alega que apenas mandou seqüestrar a mãe e que, depois, iria decidir se ordenaria seu assassinato. Para o delegado Cosmo Stikovics, da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), o filho da empresária tentou planejar um crime perfeito. "Ele mandou o motorista vender o carro para não sacar dinheiro da conta e deixar provas do crime." Na madrugada desta sexta-feira, 29, outra pessoa relacionada ao homicídio foi detida em Caucaia do Alto. Trata-se do comerciante Roberval da Silva Cavalcanti, de 36 anos, que teria agenciado os pistoleiros, segundo o motorista. Como a legislação eleitoral proíbe prisões que não sejam em flagrante durante a semana da eleição, os três foram indiciados e liberados. O delegado pediu a prisão preventiva deles, que só poderá ser concedida na segunda-feira. Por isso, a polícia teme que Saddi, por ter uma condição financeira privilegiada, aproveite para fugir do País.

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