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Estudo aponta os 75 pontos mais barulhentos de SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Caminhões, ônibus e centenas de veículos se comprimindo em pistas estreitas compõem o cenário de muito barulho e movimento da Avenida Professor Francisco Morato, no Butantã, zona oeste de São Paulo. A avenida ganhou o pouco honroso título de ponto mais barulhento de São Paulo entre 75 analisados em pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Nas proximidades do vizinho município de Taboão da Serra a fonoaudióloga Carolina Moura, responsável pelo estudo, mediu um nível de ruído de 81,44 decibéis, muito acima dos 50 decibéis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para garantir a saúde auditiva. Até os pássaros sofrem com a poluição sonora. O comerciante Wagner Correia, de 35 anos, há seis com loja na avenida, afirmou que coleirinhas e papagaios ficam estressados quando um ônibus passa em alta velocidade na frente do seu comércio. Embora se diga acostumado, principalmente nos horários de pico ele admite que o movimento "incomoda bastante." Dona de uma banca de jornais na Francisco Morato, Maria do Socorro Silva, de 49 anos, teve de entrar em acordo com a filha Selma, de 23, para deixar em casa o rádio. "Era impossível ouvir música com esse barulhão", justificou. A legislação municipal prevê um máximo de 60 decibéis para vias como a Francisco Morato, passagem para quem segue na direção da Rodovia Régis Bittencourt, acesso para a Região Sul do País. A situação não é mais fácil na segunda colocada em poluição sonora, a Avenida General Olímpio da Silveira, em Santa Cecília, zona oeste. Dona de uma lanchonete no local, a comerciante Ana Selma de Oliveira, de 40 anos, reclamou de dores de cabeça e dificuldade para dormir por conta do problema. Na avenida, os pesquisadores do Grupo de Estudos em Ruídos e Saúde (Gerus) detectaram uma média de 80,62 decibéis. "O pior é que, quando saio daqui, vou para casa, na Avenida 9 de Julho, que também é barulhenta", lamenta. Silêncio O local mais silencioso dos pesquisados foi a Praça Rui Washington Pereira, na Vila Madalena, zona oeste. Mesmo assim, o nível de ruído chegou a 54,20 decibéis, acima do determinado pela OMS. O ruído excessivo, considerado um problema de saúde pública pela pesquisadora, pode causar estresse, perda da capacidade auditiva, surdez e dores de cabeça, além de perda de concentração. "Pessoas que trabalham ao ar livre como fiscais de trânsito, motoristas e jornaleiros estão mais expostos ao problema", afirmou. Para enfrentar o ruído excessivo, a médio prazo, ela sugere que se conscientize a população da importância do problema. "Precisamos mostra que o barulho causa danos à saúde", afirmou. A partir desse ponto, segundo Carolina, basta aplicar a atual legislação sobre o assunto. "É necessário inspecionar os carros sob o aspecto do ruído emitido, melhorar o transporte coletivo e as condições de tráfego nas ruas. As leis estão dentro do que determina as convenções internacionais, mas não são plenamente aplicadas", observa. As vias mais críticas, depois da Francisco Morato e da General Olímpio foram a Rua Melo Freire, no Tatuapé (zona leste) Avenida Itaquera, no bairro do mesmo nome da zona leste, e Rua Hungria, no Jardim Europa (zona sul). Marronzinhos Em outro trabalho, divulgado recentemente os pesquisadores do Gerus detectaram problemas de audição em 28 5% dos 624 profissionais da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) examinados. Conforme os exames, eles sofreram perda de audição irreversível. A empresa fornece, há cinco anos, protetores auditivos, mas a adesão ao equipamento entre os funcionários ainda é considerada baixa.

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