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Ex-deputado é indiciado e diz não lembrar de nada

Por Evandro Fadel e CURITIBA
Atualização:

O delegado Armando Braga de Moraes Neto, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) de Curitiba, indiciou ontem o ex-deputado estadual do Paraná Fernando Ribas Carli Filho por homicídio com dolo eventual, após tomar seu depoimento em um hotel de São Paulo. Carli Filho disse ao delegado que não se lembra do que aconteceu na noite de 6 para 7 de maio, quando se envolveu em um acidente de carro que resultou na morte de dois jovens, em Curitiba. Exames mostraram que ele estava com 7,8 decigramas de álcool no sangue, quase quatro vezes mais que o tolerado pela legislação, além de dirigir em alta velocidade. Carli Filho ainda estava com a Carteira Nacional de Habilitação cassada desde meados do ano passado. Segundo Moraes Neto, o depoimento contribuiu "muito pouco" para o inquérito. Antes do acidente, Carli Filho disse lembrar-se apenas que visitou o pai, mas não soube precisar quando. Depois do acidente, a primeira recordação que declarou ter é a de estar em um quarto e de ser informado de que se tratava de uma Unidade de Tratamento Intensivo. O delegado acrescentou ainda que ele disse não se lembrar se consumiu álcool na noite do acidente, por onde transitou com o carro e a velocidade que desenvolvia. "A perda da memória, segundo os médicos, é decorrente do acidente e da forte lesão na cabeça", afirmou Moraes Neto. Carli Filho estaria disposto a dar mais informações depois que melhorar. Sobre os 130 pontos na CNH, ele alegou que vários assessores usaram o carro, sobretudo durante a campanha eleitoral de 2006. Nos últimos anos, o ex-deputado recebeu 30 multas, das quais 23 por excesso de velocidade. "Ele garantiu que apresentou recursos e não foi formalmente notificado para entregar o documento", ressaltou o delegado. Para Elias Mattar Assad, advogado que representa a família de Gilmar Rafael Yared, um dos mortos no acidente, o ex-deputado utilizou-se de uma "maneira sutil" para exercitar o direito de ficar em silêncio. Assad disse ter estranhado o fato de o delegado ter ido até Carli Filho para tomar o depoimento. "É um tratamento diferenciado injustificado", criticou. "Um indiciado deve ser interrogado na delegacia."

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