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Ex-ministro critica presença do Exército nas ruas

Por Agencia Estado
Atualização:

A manutenção das Forças Armadas nas ruas do Rio recebeu críticas nesta quinta-feira do almirante da reserva Mário César Flores. Ex-ministro da Marinha e ex-secretário de Assuntos Estratégicos, ele destacou que o uso de tropas federais, em policiamento preventivo, é inadequado. "A responsabilidade constitucional (pela segurança) é dos governadores. Parece que tentam tornar a União cúmplice dessa situação e vão acabar conseguindo, na opinião pública e na mídia, transferir a responsabilidade maior para o governo federal." Em entrevista à Rádio CBN, Flores destacou que o Estado quer o apoio da União na área de segurança, mas não aceitaria a interferência federal em assuntos administrativos. "Querem que a União compartilhe a culpa, se é que não a assuma, mas não aceitam transferir a autoridade compatível com a culpa. Se isso ocorresse, diriam que se tratava de um ultraje ao pacto federativo", afirmou. Além de ver a tentativa de responsabilizar a União pelo comando de todo o sistema policial, o almirante também criticou os meios de comunicação por insistir na presença de tropas federais nas ruas. "Na verdade, eles (os militares) constituem menos de 10% do que está em campo (da polícia). Há uma tendência em enfatizar a presença da força federal, que é diminuta diante da estadual." Confrontado com as pesquisas de opinião, nas quais os entrevistados dizem sentir-se mais seguros ao ver o Exército em vários locais, o ex-ministro culpou a falta de esclarecimento. "O povo não está esclarecido de que esta participação é, na prática, necessariamente, até secundária. O povo pensa que a presença do Exército, das Forças Armadas, nas ruas é um milagre que vai lhe dar segurança. Isso não é verdade. A alteração do grau de segurança é pequeno." Flores ressaltou que o Exército não é equipado nem treinado para a atividade policial. "A idéia que se tem do trabalho do Exército é de usá-lo contra um inimigo - e quando se trata de um inimigo, o que se procura é destruí-lo. No caso da atividade policial, isso não é exatamente assim. Você está agindo num cenário que tem delinqüente, mas também tem gente que não é delinqüente", afirmou. Segundo ele, o soldado é chamado para um tipo de atuação que não é compatível com sua doutrina e formação. Entre as possibilidades de equívoco na ação federal nas ruas, ele lembrou a morte do professor (ver ao lado) que, não respeitou uma determinação militar para parar. Veja o especial:

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