Executivos presos por planejar morte de colega

Presidente de multinacional e dois diretores, um deles austríaco, são acusados ainda de estelionato

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Por Simone Menocchi
Atualização:

Antônio Lima dos Reis, presidente da unidade da fabricante alemã de pára-choques Pelzer em Taubaté, no Vale do Paraíba, foi preso na manhã de ontem pela Polícia Civil, ao lado dos diretores Johann Holtermann (austríaco) e Marco Aurélio Panfilio. Os três executivos tiveram a prisão temporária decretada e foram indiciados por estelionato e formação de quadrilha. As investigações começaram depois que a polícia recebeu a denúncia de um plano que culminaria com a morte do gerente-geral da empresa. Os três executivos saíram algemados da empresa, diante de funcionários perplexos. O nome da vítima não foi divulgado. A polícia também não detalhou o motivo pelo qual o gerente-geral estaria sendo ameaçado. Mas o Estado apurou que os acusados estariam envolvidos em um esquema de adulteração da matéria-prima usada na fabricação dos pára-choques e de uso de notas fiscais frias. De acordo com a polícia, há duas semanas um homem, morador de São Paulo, se apresentou na delegacia, dizendo ter sido contratado pelos três executivos para matar o gerente-geral, que sabia de algumas irregularidades que estavam acontecendo na fábrica. O homem apresentou cópia de um cheque no valor de R$ 250 mil, o extrato bancário comprovando o recebimento da quantia e a cópia da gravação em que o homicídio foi negociado. O advogado de defesa dos diretores, Nilton Gomes Cardoso, negou o envolvimento de seus clientes com a tentativa de homicídio. "Nos autos da polícia, não há citação desse crime. Eles foram indiciados por dois crimes: estelionato e formação de quadrilha", ressaltou o advogado. Apesar da negativa, a cópia do cheque de R$250 mil, que já foi compensado na conta do suposto contratado, está na delegacia e deve passar por perícia. Na fábrica, a polícia recolheu documentos e pára-choques, que serão enviados para análise no Instituto de Criminalística de São Paulo. A vítima foi ouvida pela polícia e informou que acredita na hipótese de os três diretores estarem envolvidos na fabricação de pára-choques com material inferior ao combinado com as montadoras. Os três ficariam detidos por pelo menos cinco dias. Mas, no início da noite de ontem, os advogados de defesa conseguiram na Justiça o alvará de soltura dos diretores. "Somente na segunda-feira, eles (acusados) vão analisar se falarão com a imprensa", disse Cardoso. A empresa foi procurada pelo Estado, mas ninguém foi autorizado a falar. A Pelzer de Taubaté tem cerca de 550 funcionários e fabrica pára-choques para a montadora Volkswagen. A empresa tem outras duas unidades no Brasil, na Bahia e em São Bernardo do Campo, onde também são fabricados componentes de veículos para Ford e General Motors.

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