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Exército arquiva acusação de deserção contra sargento gay

Laci de Araujo foi preso em 2008 depois de assumir homossexualidade em programa de televisão

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O sargento Laci de Araujo, que foi preso em 2008 depois de assumir uma relação homoafetiva numa entrevista para uma emissora de TV, conseguiu alterar o rumo do processo em que era acusado de deserção.

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Depois de duas derrotas consecutivas na Justiça sofridas pelo sargento, laudo da Junta Pericial Recursal, vinculada à 11.ª Região Militar no Distrito Federal, identificou "incapacidade definitiva para o serviço militar." O Exército informou, por meio de sua comunicação social, que vai seguir a orientação, arquivar o processo e agilizar a análise do processo para reforma do sargento.

"É uma vitória importante, mas há ainda muito a ser discutido", afirmou o companheiro de Araujo, Fernando Figueiredo, que também é sargento e está licenciado. De acordo com ele, Araujo não pediu para que o processo de reforma fosse iniciado. "Eles fizeram espontaneamente. Mas não queremos assim. A batalha agora é mostrar que a doença está ligada ao exercício profissional."

O Exército acusava Araújo de deserção, por causa das sucessivas faltas ao serviço. O sargento argumentava problemas de saúde, algo que até agora não havia sido oficialmente reconhecido.

"Por um tempo, ele conseguiu licenças médicas. Mas, em 2008, recebeu uma alta compulsória - o primeiro sinal da perseguição que começamos a sofrer. Foi quando começaram as punições pelas faltas ao trabalho", contou Figueiredo.

Araújo responde em liberdade a outro processo em que é acusado de caluniar as Forças Armadas. Depois de sair da prisão, ele afirmou ter sido torturado.

Além de ingressar com ações na Justiça comum, Araújo apresentou em maio denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pelo que considera abuso do Tribunal Militar.

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Na reserva ativa, Figueiredo agora está à frente de movimento de direitos humanos, sobretudo de casais homoafetivos que sofrem discriminação.

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