Exército nega que ocupação de favelas tenha fracassado

Depois de o Exército deixar favelas do Rio que ocupou na semana passada, em busca de armas roubadas por criminosos, o chefe do Estado Maior do Comando Militar do Leste (CML), general Hélio Macedo, afirmou que não houve recuo, nem erro, nem fracasso da ocupação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de o Exército deixar favelas do Rio que ocupou na semana passada, em busca de armas roubadas por criminosos, o chefe do Estado Maior do Comando Militar do Leste (CML), general Hélio Macedo, afirmou que não houve recuo, nem erro, nem fracasso da ocupação. Ele explicou que as tropas poderão voltar às comunidades da forma como vinha ocorrendo, caso surjam novas denúncias dando conta da localização do armamento. Hoje, ocorreram operações do Morro do Dendê e na Vila dos Pinheiros, na zona norte, mas nada foi apreendido. O general negou até que tenha havido uma mudança de estratégia. A redução no número de soldados se deveu, segundo ele, ao fato de os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça inicialmente já terem sido cumpridos (foram 50 no total). Daqui para frente, para que mais ações sejam montadas, será necessário que novas informações apareçam. Não há previsão para desmobilização das tropas - tanto que os 800 soldados trazidos de Minas Gerais para Petrópolis, na Região Serrana, continuam de prontidão. A novidade é que os militares não passarão mais as noites nas favelas. "Os mandados só podem ser cumpridos até as 18 horas", justificou o general Macedo. Ele deu entrevista para um grupo grande de jornalistas, de todo o Brasil e do exterior, no lugar do comandante militar do Leste, general Domingos Curado, que estava em Brasília. Sem citar números, Macedo afirmou que o resultado, até aqui, é considerado "muito bom", uma vez que, apesar de as armas não terem sido localizadas, os índices de criminalidade foram reduzidos. Operações de hoje As operações no Dendê e na Vila dos Pinheiros, onde os soldados já haviam estado na semana passada, foram realizadas para cumprimento de pelo menos quatro mandados. Na Vila dos Pinheiros, um angolano suspeito chegou a ser preso pela Polícia Militar, que integra a Força-Tarefa montada para encontrar os fuzis e a pistola roubados, e foi liberado em seguida. O CML já admite que a dificuldade de se recuperar as armas poderá ser maior do que se pensava, pela possibilidade de elas estarem fora do estado ou em locais diferentes dentro da cidade (como favelas distintas, por exemplo). No entanto, o general Macedo fez questão de frisar: "Não houve retrocesso de jeito algum. Continuamos buscando com otimismo e motivação. Hoje, foram duas comunidades; amanhã, poderão ser três". Detalhes sobre o Inquérito Policial Militar aberto para apuração do crime não foram divulgados. A investigação dura, a princípio, 40 dias, podendo ser estendida por mais 20. O general não quis comentar se a permanência dos soldados em comunidades durante dez dias manchou a imagem do Exército - os militares foram surpreendidos com reações violentas de traficantes e também hostilizados por parte dos moradores. Admitiu, porém, que a invasão do Estabelecimento Central de Transporte (ECT), trouxe, sim, desgaste à força. "Isso não é bom para nenhuma instituição. Foi um roubo dentro de uma unidade, não foi durante o transporte, por exemplo", afirmou. O secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, divulgou que durante a ocupação, iniciada no dia 3, a polícia pôde se ocupar de outras favelas e, nelas, recuperou 228 armas e fez 38 apreensões de drogas. Neste período, foram registrados 13 autos de resistência à prisão. Itagiba ressaltou que a união de esforços entre a secretaria e o Exército é muito bem-vinda. "Não queremos intervenção, e sim integração", ressalvou.

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