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Exército retira tropas das favelas do Rio

Operação Asfixia termina sem que as armas roubadas tenham sido recuperadas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército encerrou neste domingo a Operação Asfixia -que iniciara há dez dias para recuperar dez fuzis e uma pistola roubados de um de seus quartéis- em pelo menos quatro das favelas que ocupara na caça ao armamento: Providência, Mangueira, Metral e Complexo do Alemão. Em aparente recuo da posição anterior, de só deixar as comunidades depois de recuperar as armas, e apesar de o Comando Militar do Leste (CML) ter informado oficialmente na véspera que manteria presença maciça na Providência, onde enfrentara resistência armada, os militares se retiraram dos quatro locais. À tarde, uma denúncia anônima levou soldados a um supermercado desativado nas proximidades do Morro do Borel, na Tijuca, zona norte, onde procuraram as armas, sem sucesso. No sábado, o Exército informou que, com exceção da Providência, passaria a atuar de forma mais pontual, checando denúncias. O coronel Paulo Meira, da Comunicação Social do CML, porém, evitou hoje os termos desocupação e retirada. "Eu não diria que eles saíram (dos morros). Hoje é um dia caracterizado por grande mobilidade", disse o militar, que não esclareceu para onde foram as tropas que ocupavam as favelas. "Amanhã as posições estarão consolidadas." O CML agendou para amanhã uma entrevista. Desde o início da ação, 1,5 mil soldados já ocuparam 12 favelas. Tráfico comemora Durante a madrugada de ontem houve novo tiroteio na Providência. Mas a tensão se desfez no início da tarde, quando os soldados deixaram o local. Na ladeira do Barroso, principal acesso ao morro, onde houve intensos tiroteios nos últimos dias, o clima era de tranqüilidade. Moradores demonstravam satisfação com a saída dos soldados, comemorada pelo tráfico com fogos de artifício. Na madrugada houve tiroteio também na Favela do Metral, em Bangu, zona oeste da cidade. O CML informou que por volta das 2h30 um grupo de 200 moradores fez um protesto e provocou os soldados. Dois traficantes armados com fuzis teriam participado do ato e atirado. Os militares reagiram. Apesar do tumulto, ninguém ficou ferido. À tarde, o Exército vasculhou um supermercado desativado na Tijuca, zona norte. Militares posicionados na Rua Conde de Bonfim observavam o Morro do Borel. Pouco depois das 16 horas, tiros foram disparados no alto da favela. Feridos O menino Genilson Batista dos Santos, de 12 anos, continua internado no Hospital Souza Aguiar, no centro. Na sexta-feira, ele foi baleado no braço esquerdo e teve fratura exposta. Morador da Providência, Genilson foi operado e segundo a secretaria municipal de Saúde estava bem, mas sem previsão de alta. Roubo de armas A operação foi desencadeada depois que sete homens armados, vestindo fardas camufladas e toucas ninja, invadiram o Estabelecimento Central de Transportes (ECT) do Exército, em São Cristóvão, zona norte, na madrugada do dia 3. Eles agrediram soldados e roubaram dez fuzis FAL e uma pistola do Corpo da Guarda. A recuperação das armas é tratada como questão de honra pelo Exército e o CML afirmou que a operação só terminará quando a missão for cumprida.

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