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Expectativa é de novo caos em aeroportos no domingo

O governo acredita que, se houver problemas, eles não serão nada comparados ao caos verificado nos grandes aeroportos durante a última quinta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

Após sete dias de caos, uma relativa calmaria tomou conta dos aeroportos do País nesta sexta-feira, 3. Nada de quebra-quebra ou filas, apesar de ainda ser possível ver passageiros deitados no chão nas áreas de embarque. Houve atrasos de até três horas no Rio e em Brasília e passageiros prejudicados em conexões em São Paulo. Mas a expectativa, até mesmo das autoridades, é sobre até quando essa situação vai durar. O teste definitivo para o esquema de emergência será domingo, na volta do feriado de Finados. No governo federal, a avaliação é de que, se houver problemas, eles não devem ser nada comparado ao caos e tumultos verificados nos grandes aeroportos na quinta, 2, quando os cerca de 600 vôos das companhias atrasaram no País. Nesta sexta, foi publicada no Diário Oficial a Medida Provisória 329 que autoriza a contratação de 60 controladores de vôo para trabalharem até dezembro de 2007. A MP, que integra o pacote de ações emergenciais do governo para conter a crise, permite que o processo seletivo no Ministério da Defesa seja simplificado, feito apenas pela análise do currículo dos candidatos, desde que sua capacidade técnica seja reconhecida. Na segunda, 6, é esperado o lançamento do edital de concurso público para contratação de outros 64 controladores de vôo civis para compor o quadro permanente de profissionais. Os efeitos dessa medida, no entanto, são de médio e longo prazos. Após o concurso, os selecionados terão de passar por um ano e três meses de curso de formação e estágios antes de assumirem os postos. Atualmente, há 2.188 controladores de vôo militares e 571 civis. Os problemas nos principais aeroportos do País começaram na sexta-feira, 27 de outubro, quando os controladores de vôo do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1), de Brasília resolveram adotar uma operação-padrão com o objetivo de chamar a atenção sobre as condições de trabalho. A categoria decidiu reduzir o número de aeronaves vigiadas por controlador, o que gera atrasos nas decolagens e pousos e até cancelamentos de vôos. O presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA) - entidade que representa profissionais civis e militares - confirmou nesta sexta que o afastamento da equipe de plantão no dia da colisão entre o jato Legacy e o Boeing da Gol foi a "gota d?água" para o colapso do Cindacta 1. "Do dia para a noite, 10 controladores foram afastados. Só que a equipe toda estava abalada e não houve qualquer apoio", disse Wellington Rodrigues. Nas semanas seguintes à tragédia do vôo 1907, disse ele, mais 18 profissionais pediram afastamento por licença médica - quatro deles continuam internados, segundo a ABCTA. "Não houve operação-padrão. Foi um colapso de pessoal", afirmou Rodrigues. Ele ressaltou ainda que, nos últimos anos, a evasão de controladores tem ficado acima da média. Em 2005, conforme estatística da entidade, 34 dos 150 profissionais do Cindacta-1 foram transferidos ou trocaram de atividade por meio de concurso público. "O controle de tráfego aéreo é uma atividade altamente especializada. Você não forma um controlador em menos de 4 anos", disse o presidente. Depois da paralisação do tráfego aéreo, às 3 horas de quinta, a Aeronáutica decidiu convocar todos os 149 controladores de Brasília e estabeleceu uma nova escala de trabalho para descongestionar o setor. Os profissionais estão organizados em equipes de 28 a 30 pessoas por dia em turnos de oito horas, trabalhando em oito mesas de acompanhamento do tráfego aéreo no centro de controle de Brasília. A situação deve melhorar na segunda, quando 15 controladores, remanejados de outros locais do País para Brasília, devem reforçar as escalas. Todos foram submetidos a treinamentos de pelo menos 30 horas.

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