Extensão de linha da CPTM provoca remoção e protesto de moradores

Setenta moradores protestaram contra a desapropriação de terreno da CPTM

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 70 moradores protestaram contra a desapropriação de um terreno da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na Cidade Dutra, zona sul da capital, na manhã desta sexta-feira, 17. Segundo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), um grupo de 15 moradores se recusou a receber indenização ou apartamentos da CDHU. A reintegração de posse e o protesto, que acabou às 13 horas, foram pacíficos, segundo informou a Polícia Militar. A maioria das casas da "Cheba", como é conhecida a favela que circunda a linha ferroviária, já foi numerada e terá de ser removida. Muitas já foram derrubadas. Alguns moradores já receberam notificações de remoção há muitos anos. Maria de Lourdes da Silva, cuja casa fica em frente à Avenida Matias Beck, vive há quinze anos no local e já havia recebido a visita de um oficial de justiça dez anos atrás, quando a FEPASA, que administrava as linhas de trem, tentou remover seu imóvel. Na época, a justiça acabou cedendo e deixou que ela continuasse a morar no local, pois tinha filhos pequenos e não possuía condições de sair. Atualmente o imóvel tem dois andares, e até um comércio. Eles foram novamente notificados e terão de sair. Já a moradora Andréa Silva, que vive há doze anos na Cheba, diz que não está sentindo firmeza nas opções que a CPTM apresenta. "O que eles estão oferecendo nós não estamos sentido firmeza" destaca. CDHU Segundo Sérgio Carvalho Júnior, gerente de atendimento ao usuário da CPTM, a empresa fez um convênio com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) para a construção de 420 moradias para as famílias removidas. Contratou também a empresa Prime Engenharia para cadastrar essas famílias, em torno de 600, e fazer a avaliação das moradias para poder pagar possíveis indenizações. A empresa apresenta duas propostas aos moradores. Primeiro ela sugere que a família vá morar de aluguel, até que o imóvel da CDHU esteja pronto. Esse aluguel será pago pela CPTM. O apartamento da CDHU será financiado à família conforme já ocorre para pessoas de baixa renda. A segunda opção é a indenização, que é paga conforme o tamanho do terreno e o tipo de construção. Há imóveis que possuem avaliações em torno de R$ 20 mil, outros porém foram avaliados em R$ 1,5 mil. A empresa sugere, nos casos em que as indenizações são muito baixas, que as famílias optem pelo aluguel e, posteriormente, pelo apartamento, pois só assim poderiam obter uma moradia digna. A CPTM quer evitar que esses moradores invadam outros terrenos irregulares e que o número de favelas cresça. Em casos de extrema pobreza, quando a família não pode se comprometer com o financiamento da CDHU e a indenização é muito baixa, a Prime encaminha o caso para a assistência social, para tentar outras alternativas. Outro problema levantado pelos moradores é quanto a construção de CDHU no Itaim Paulista, na zona leste, pois a maioria nasceu na Capela do Socorro, estuda ou trabalha na região, que não quer deixar. Carvalho alega que nas proximidades não existem áreas para a construção de CDHU, e que infelizmente é possível que algumas famílias tenham de ir para a zona leste. Obras O terreno onde está localizada a Cheba dará lugar à extensão da Linha C da CPTM, que abrange um trecho de 8,5 quilômetros e prevê a construção das estações Autódromo, Interlagos e Grajaú, que se integrará ao terminal Grajaú de ônibus.

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