FAB ampliará controle de helicóptero

Decea já planeja rotas para descongestionar tráfego entre o litoral fluminense e as plataformas de petróleo

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Por e Alberto Komatsu
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O crescimento da frota de helicópteros no País, sobretudo na capital paulista e nas regiões produtoras de petróleo, colocou em alerta os militares responsáveis pela prevenção de acidentes aeronáuticos no País. Diante da previsão de chegada de pelo menos 80 novos aparelhos até 2010, a Aeronáutica já planeja aumentar o controle nas áreas mais congestionadas. Até o fim deste ano, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) pretende criar rotas entre as principais cidades da Bacia de Campos, no litoral fluminense, e as plataformas de petróleo em alto mar.   Veja também  Vôo 3054, um ano depois  Das medidas contra a crise, apenas uma vigora  Todas as notícias sobre a crise aérea   Números divulgados na segunda-feira, 15, pela Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe) mostram que o Brasil recebe de dois a cinco helicópteros novos por mês. "Se as descobertas feitas recentemente se confirmarem, esse número tende a aumentar ainda mais. Temos de começar a nos preparar", disse o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Cenipa. Embora os helicópteros representem apenas 10% da frota total de 11 mil aeronaves do País, eles já respondem por 20% dos acidentes. Além de serem mais instáveis do que os aviões, as chamadas "aeronaves de asa rotativa" tendem a ser expor mais. "Uma coisa é pousar em Cumbica e outra é descer num heliponto sobre um prédio da Paulista."   Os dois principais focos de preocupação do Cenipa são Rio e São Paulo. Com 470 aparelhos registrados, a capital paulista tem hoje a maior frota de helicópteros do mundo, a frente de metrópoles como Tóquio e Nova York. Já no Rio, o temor é pelo que está por vir. Atualmente, a Petrobrás usa 70 helicópteros para a atividade de exploração e produção de petróleo em plataformas marítimas, por meio de sete empresas de táxi aéreo terceirizadas. A frota usada pela empresa ultrapassa a da maioria dos Estados e chega perto do topo do ranking. É maior, por exemplo, do que a do Distrito Federal (41), a quarta maior do País, atrás apenas de São Paulo (470), Rio (198) e Minas (103). "Nos próximos anos, a Petrobrás deverá alterar o perfil da frota e contratar um maior número de aeronaves. Com as distâncias que envolvem as áreas do pré-sal, aeronaves de maior porte e maior autonomia se tornarão técnica e economicamente mais viáveis", diz o gerente-geral da Unidade de Serviços de Transporte e Armazenamento da Área de Exploração e Produção da empresa, Ricardo Albuquerque Araújo.   O secretário de Planejamento do Guarujá, Mauro Scazufca, conta que a estatal, em parceria com a Aeronáutica, está investindo na modernização e na revitalização de hangares no aeroporto da cidade, que também será usado como uma base de operações do pré-sal. Segundo ele, a Petrobrás estima uma demanda de 200 embarques diários de helicópteros no Guarujá, saindo da base aérea de Santos. Há três meses, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou o uso do aeroporto para aviação geral - anteriormente, só recebia helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB).   A expansão da operação de helicópteros da Petrobrás, porém, poderá esbarrar num gargalo, avalia Ismael Monteiro Júnior, da diretoria de Offshore da Abraphe. Segundo ele, a demanda da Petrobrás por pilotos e equipes de apoio marítimo pode exceder a quantidade de profissionais qualificados. "Hoje, o pré-requisito para um piloto que trabalha para a Petrobrás é um mínimo de 500 horas de vôo. A empresa estuda flexibilizar essa regra, com a condição de que o profissional seja graduado em aviação civil." Atualmente, diz ele, os helicópteros usados pela Petrobrás voam, em média, 100 mil horas por ano. Em 2010, a estimativa é de dobrar essa quantidade, que nem leva em conta a demanda que será criada pelas descobertas no pré-sal. A robusta operação da Petrobrás já levou a uma superutilização do Aeroporto de Macaé.   A Petrobrás, segundo o superintendente do Aeroporto de Macaé, Hélio Batista Júnior, responde por 99% da operação de helicópteros para plataformas marítimas. O aeroporto tem capacidade para 135 mil passageiros por ano, mas atendeu 399 mil em 2007. A Infraero, conta ele, planeja ampliar o atendimento para até 500 mil pessoas e está investindo R$ 6 milhões em equipamentos.

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