PUBLICIDADE

Falhas no Brasil não eximem donos do Legacy, diz advogado

Representante das famílias de vítimas de acidente da Gol nos Estados Unidos espera que processo seja concluído entre 18 e 24 meses

Por Agencia Estado
Atualização:

As falhas que possam ter sido cometidas pelo controle aéreo brasileiro no caso do acidente com o vôo 1907 da Gol não eximem de responsabilização legal as duas empresas norte-americanas envolvidas no episódio, afirma o advogado Ladd Sange, especialista em direito aeronáutico e representante nos Estados Unidos das famílias de vítimas do acidente. Segundo Sanger, independentemente de ocorrência de outros erros, a falta de comunicação por meio do transponder do Legacy, jato da Embraer, só pode ser explicado de duas maneiras: ou os pilotos não ligaram o equipamento ou, mesmo ligado, ele não funcionou. Caso as investigações confirmem a primeira hipótese, a empresa proprietária do Legacy, a ExelAire, teria de responder pela negligência dos pilotos. Se a segunda possibilidade for comprovada, o fabricante do transponder, a Honeywell, seria responsável. Ainda de acordo com o advogado, a comprovação da culpa de uma das empresas não necessariamente excluirá a outra de responsabilidade: cada uma poderá ter de arcar com uma parcela de responsabilidade pelo acidente. Sócio do escritório de advocacia norte-americano Slack & Davis - que garante ter representado "mais de 30% das vítimas dos últimos 19 grandes acidentes com aviões comerciais" e "recuperado centenas de milhões de dólares para seus clientes" - Sanger está no Brasil e tem encontros marcado com parentes de vítimas do acidente do vôo 1907. Segundo o advogado, seis famílias já teriam escolhido ser representadas, nos EUA, pelo seu escritório "e outras poderão tomar a mesma decisão". Todos os custos do processo, informa Sanger, serão bancados pela Slack & Davis, que só será remunerada caso indenizações venham a ser pagas, com porcentuais dos valores recebidos pelas famílias. "Nós recusamos a maior parte dos casos que nos são oferecidos, pois as possibilidades de sucesso e de remuneração freqüentemente não compensam o investimento de tempo e dinheiro que precisamos fazer", diz o advogado. "Mas, neste caso, já fizemos a nossa avaliação e vamos defender as famílias." Segundo Sanger, os processos movidos nos EUA, que correrão independentemente das ações no âmbito da Justiça brasileira, deverão ser concluídos, em média, no prazo de 18 e 24 meses. Quanto aos montantes que serão pedidos pelas famílias, o advogado diz que ainda é cedo para falar em valores, mas adianta que, nesses casos, o porcentual a ser pago como remuneração à Slack & Davis costuma variar entre 33 e 35% das indenizações recebidas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.