Falta de porta causou morte de menina em elevador

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil concluiu o laudo sobre as causas do acidente que provocou a morte de Vytória Evelinne D´Aloia Vilaça, de 6 anos, no dia 6 de março. A menina ficou presa em um vão de 15 centímetros que separa a parede e o piso de um elevador para deficientes físicos da Academia Fórmula, no Shopping Eldorado. De acordo com o laudo do IC, o acidente foi causado pela ausência de uma segunda porta de acesso ao elevador, chamada pelos técnicos de cancela, conforme prevê a Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). O equipamento possui apenas uma estrutura externa que envolve uma plataforma. Em funcionamento, apenas a plataforma é erguida por um sistema hidráulico. "A menina tentou sair com o elevador em movimento e acabou ficando presa no vão entre o piso e as paredes", informa Clayton Claro da Costa, diretor do Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru). O delegado titular do 15º DP, Hamílton Benfica, que comanda as investigações, deverá solicitar um laudo complementar ao IC. "Eles não citaram o vão onde a Vytória ficou presa", diz. Segundo técnicos do Contru, que estiveram no local logo após o acidente, o vão era de aproximadamente 15 centímetros, enquanto a distância máxima permitida pela ABNT é de 6 centímetros. "Quase todas as pessoas envolvidas no acidente já foram ouvidas. O dono da Fórmula Academia e o representante da Pozzani devem ser chamados na próxima semana. Foram deixados por último porque as acusações têm caído sobre eles", diz o delegado. Segundo ele, o elevador não tinha autorização para funcionar e o Shopping Eldorado também pode ser responsabilizado. A advogada da família de Vytória, Sandra Gebara, diz que vai aguardar os resultados do exame necroscópico do Instituto Médico-Legal e o fim das investigações para decidir que providências tomar. "Não faremos nada enquanto o inquérito policial não for concluído", afirma. A Fórmula Academia decidiu criar uma organização não-governamental em homenagem à menina. A família já autorizou o nome da instituição, que deverá ser Associação Amigos de Vytória Vilaça (AAVV) e terá como objetivo melhorar a qualidade de vida dos deficientes físicos. O elevador do acidente era destinado a cerca de 50 portadores de deficiências que participavam de atividades esportivas, 80% gratuitamente, como parte do projeto Mão na Roda, criado pela academia em 1998. Segundo Manoel Carrano, dono da Fórmula, a AAVV deverá funcionar dentro da academia, no Shopping Eldorado, e contará com o apoio de psicólogos, fisioterapeutas, professores de educação física e outros voluntários. O espaço terá atividades que ajudem o deficiente a sair de casa, se exercitar e levar uma vida comum. "Já temos o estatuto, e o pai da Vytória, Rodrigo Vilaça, deverá fazer parte do conselho", diz Carrano. "Eles sabem que foi um acidente."

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