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Família de estudante quer processar governo dos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

A família da estudante brasileira Angélica Delgado Sydowm, de 24 anos, impedida de entrar nos Estados Unidos, na última segunda-feira, vai processar o governo americano com base nas leis internacionais de direitos humanos. Apesar de estar com a documentação em ordem, a jovem foi algemada e mantida incomunicável durante 14 horas no aeroporto de Miami, na Flórida, antes de ser deportada para o Brasil. "Fui tratada como o pior dos bandidos", disse a estudante, que mora com os pais em Sorocaba. Segundo os familiares, Angélica foi privada de alimentação durante todo o tempo em que esteve detida e sofreu tortura psicológica. A família recorreu à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pretende processar também a operadora de turismo que vendeu um pacote turístico para Angélica. Ela visitaria a Disneylândia. Segundo a jovem, depois de apresentar o passaporte no aeroporto, ela foi levada para uma sala pelos funcionários da imigração. Eles insinuaram que seu visto era falso. Enquanto os demais brasileiros que estavam no mesmo vôo eram liberados, Angélica ficou detida e permaneceu incomunicável. "Não deixaram nem avisar minha família." Segundo ela, a operadora CVC, responsável pela viagem aos Estados Unidos, não lhe prestou qualquer ajuda. A situação foi descoberta porque seu namorado, o comerciante Edeílson Trujillo, que ficara em Sorocaba, sem receber notícias, ligou para o hotel onde a estudante deveria ter se hospedado. Ao ser informado de que ela não chegara com os outros integrantes do grupo, Trujillo entrou em contato com o departamento de imigração no aeroporto. O comerciante precisou discutir com os agentes para conseguir que eles mandassem a brasileira de volta. Angélica foi levada para outra sala e teve de esperar deitada no chão pelo horário do vôo. Ao desembarcar em Cumbica, na manhã de terça-feira, foi ouvida pela Polícia Federal. O agente de plantão informou que os documentos da estudante estavam em ordem. Ele alegou que a polícia brasileira nada podia fazer, pois as autoridades americanas têm direito de barrar a entrada de estrangeiros em seu país. O proprietário da agência que representa a operadora CVC em Sorocaba, Pedro Moron, disse que o serviço americano de imigração é quem decide se um estrangeiro pode entrar em seu território, mesmo estando com os documentos em ordem. Caso haja impedimento, a agência ou a operadora nada podem fazer. Ele comentou que as respostas dadas na entrevista feita com os estrangeiros podem ter dado margem ao bloqueio. "Depois dos atentados de 11 de setembro, o serviço de imigração está tomando medidas muito radicais." Angélica disse que nem chegou a ser entrevistada. A família quer uma retratação do governo americano e pretende obter, da operadora, o ressarcimento dos gastos com a viagem frustrada e indenização por danos morais.

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