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Família e amigos de ator preso dizem que ele foi confundido com assaltante

Vinícius Romão, de 27 anos, que atuou em Lado a Lado, da Rede Globo, é negro e tem cabelo black power. Para defesa, preconceito motivou prisão

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Atualizada às 18h59

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RIO - A família e amigos do ator Vinícius Romão, de 27 anos, que atuou na novela Lado a Lado, da Rede Globo, iniciaram uma campanha nas redes sociais por sua libertação. Ele está preso desde o dia 10, acusado de ter assaltado uma mulher, no Méier, zona norte do Rio. Negro e com cabelo black power, Vinícius teria sido confundido com o assaltante.

"Meu filho foi completamente injustiçado, principalmente pelos policiais, que não apuraram nada. Só chegaram para a moça assaltada e disseram: 'Foi ele, não foi'? Ela acabou confirmando. Era apenas a palavra dela", disse o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão, de 64 anos.

Romão contou que, depois da novela, o filho passou a trabalhar como vendedor no Norte Shopping. Ele saiu da loja Toulon depois das 22 horas de segunda-feira, 10, e caminhava para casa, a cerca de 20 minutos dali. Quando estava sobre o Viaduto de Todos os Santos, foi abordado por PMs, que ordenaram que ele deitasse no chão. Vinicius foi revistado e levado algemado para a 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo). Lá, foi reconhecido por uma copeira do Hospital Pasteur, assaltada naquela noite a 600 metros de onde Vinícius foi preso.

"Ela disse que o assaltante puxou a bolsa e pulou o muro da linha do trem. Só se meu filho fosse muito burro pra voltar para o mesmo lugar", afirmou Jair Romão. "Ele sempre trabalhou e acabou de se formar em Psicologia. É um garoto muito calmo."

Nas redes sociais, amigos trocaram suas fotos de perfil pela de Vinícius. "Em pleno País da Copa do Mundo, preconceito racial é inaceitável. Meu amigo está preso por possuir a cor da pele semelhante a de um assaltante. Vinícius Romão, estamos todos com você", escreveu Monique Pereira.

O advogado Rubens Nogueira de Abreu, que defende Vinícius, pediu à Justiça a liberdade provisória do ator e requisitou que as imagens de prédios vizinhos ao hospital sejam analisadas. "Testemunhas disseram que o assaltante era um cracudo, sem camisa, e carregava um saco. O que aconteceu foi uma barbaridade, um reconhecimento absolutamente inoportuno, com a vítima sob forte emoção. Com certeza, a prisão do Vinícius foi motivada por preconceito."

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Polícia. O delegado titular da 25.ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo), Niandro Lima, afirmou que vai analisar as imagens dos prédios vizinhos ao Hospital Pasteur e pode pedir à Justiça o relaxamento da prisão "se for constatado que houve equívoco da vítima no reconhecimento".

Em nota, a assessoria de Imprensa da Polícia Civil informou que a mulher reconheceu o ator duas vezes - ainda na rua, quando foi socorrida por um policial civil que passava no local, e na delegacia. "O delegado que apreciou o flagrante agiu dentro do que prevê a lei.", informou a assessoria da Polícia Civil.

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