Familiares protestam pela demora na identificação dos corpos

Parentes da gaúcha Nádia Bianchi Moysés apontam que vítimas conhecidas publicamente já foram identificadas

PUBLICIDADE

Por Elder Ogliari
Atualização:

Pessoas próximas à advogada gaúcha Nádia Bianchi Moyses, uma das vítimas do vôo 3054, decidiram protestar publicamente contra a demora na identificação dos corpos das vítimas que não são conhecidas publicamente. Divididos em dois grupos, eles prometem liderar dois atos públicos simultâneos no domingo, 22, em São Paulo e Porto Alegre. Lista de vítimas do acidente do vôo 3054 O local do acidente Quem são as vítimas do vôo 3054 Histórias das vítimas do acidente da TAM Galeria de fotos Opine: o que deve ser feito com Congonhas? Cronologia da crise aérea Acidentes em Congonhas Vídeos do acidente Tudo sobre o acidente do vôo 3054 Os dois grupos vão apontar a coincidência de que os restos mortais de quase todas as pessoas públicas, entre as quais o deputado Júlio Redecker e o ex-presidente do Internacional, Paulo Rogério Amoretty Souza, já foram encontrados enquanto pelo menos 140 famílias recebem informações de que terão de esperar de 40 a 60 dias para fazer uma cerimônia de despedida. "Eles conseguiram identificar os que têm importância política", observa o empresário Luiz Moyses, marido de Nádia. "Talvez, com isso, queiram reduzir a pressão da opinião pública", desconfia. "Nada contra que tenham achado os famosos, mas todos são dignos, nós também". Luiz tinha viagem marcada para São Paulo para o final da tarde deste sábado, 21. Iria acompanhado do pai e da mãe de Nádia, Oscar e Lola Bianchi, com quem promete estar diante do IML às 17 horas de domingo para pedir explicações e cobrar rapidez no reconhecimento das vítimas. Ao mesmo tempo, os demais familiares estariam diante da sala da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) no Aeroporto Salgado Filho para se queixar do caos aéreo. "Começamos isso sozinhos, mas queremos que outras pessoas que estão sofrendo a mesma dor se juntem a nós", disse o empresário. A advogada Nádia Bianchi Moyses, de 32 anos, embarcou no vôo da TAM porque iria dar uma palestra sobre precatórios a convidados do escritório Édison Siqueira e Freitas Advogados, para quem trabalhava havia pouco tempo. Como especialista no assunto, ela estava desenvolvendo um projeto que previa a quitação de precatórios dos governos estaduais, especialmente o do Rio Grande do Sul, por créditos de ICMS. "Ela era entusiasmada pelo trabalho e pela perspectiva de ajudar as pessoas", recorda a advogada Fernanda Possuelo, de 26 anos, que dividia sala com Nádia e despediu-se dela no elevador do escritório na tarde de terça-feira. Com a foto de Nádia colada ao peito, os familiares passaram a tarde deste sábado no aeroporto, até o embarque do grupo que foi a São Paulo. Entre declarações emocionadas de amor à filha, Lola Bianchi também fez duras críticas à Anac e considerou a condecoração que o presidente da agência, Milton Zuanazzi, recebeu da Aeronáutica na sexta-feira, 20, como um desrespeito à população. "Estão dando prêmios à incompetência enquanto as pessoas sofrem", afirmou. Enquanto estava no aeroporto, a família pediu ajuda ao deputado federal Marco Maia (PT), relator da CPI do Apagão Aéreo, que estava aguardando um vôo no saguão. O parlamentar prometeu entrar em contato com o IML para tomar informações e dar um retorno.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.