Famosas, executivas, baladeiras... São as mães dos novos tempos

Para não perderem momentos importantes dos filhos, elas fazem verdadeiros malabarismos no dia a dia

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Por Valéria França
Atualização:

Novos tempos, novas mães. E tem de todos os tipos. Famosa, executiva e até mesmo baladeira. Cada uma a seu jeito, elas procuram fazer o máximo para manter a prole em segurança. Montam esquemas com ajuda de parentes e empregados para que nada falte quando estiverem ausentes - sim, porque a grande maioria trabalha. Para não perder momentos importantes dos pequenos, fazem verdadeiros malabarismos. Vale levar o laptop para a escola do filho. Assim, enquanto o acompanham na fase de adaptação, administram o escritório de longe. Também vale levar o filho para o trabalho. "Hoje não podemos falar em padrão", diz Lídia Aratangy, terapeuta de família. "A família está em mutação. Há uma maior flexibilidade na maneira de exercer os papéis e, por isso, vemos mães de todos os tipos." Isso quer dizer que elas estão desenvolvendo estilos coerentes com a personalidade, sem tentar repetir padrões estabelecidos por gerações passadas. "Isso traz um conforto maior e, ao mesmo tempo, uma certa insegurança, pois fica mais difícil para ela avaliar se está sendo boa mãe." "Professora aposentada, minha mãe costumava ficar na janela, me olhando, quando ia para a aula de balé. Eu acenava ao chegar na porta da escola", conta, saudosa, a atriz Fernanda Lima, de 31 anos, mãe dos gêmeos João e Francisco, de 1 ano de idade. Ela bem que gostaria de seguir o exemplo materno e acompanhar bem de perto todas as atividades dos filhos. Mas, mesmo diminuindo em 70% o ritmo de trabalho, não raro é obrigada a viajar para um desfile ou gravações de programa. E aí, tem de matar a saudade dos bebês pela internet, no Skype mesmo. "Eles já aprenderam a olhar para a tela. Sabem que a mamãe está lá." Casada com o ator global Rodrigo Hilbert e dona de uma bem-sucedida carreira, Fernanda procura em parte seguir os moldes antigos. Os bebês ficam o maior tempo possível em casa. "Por isso, não pegaram nenhuma doença. Quando resolvemos viajar para Barcelona, optamos por deixá-los aos cuidados dos avós, para evitar o stress do voo, o barulho e a falta de conforto." Rodrigo e Fernanda ficaram uma semana fora. No final da viagem, estavam quase deprimidos de tanta saudade. "Mas sei que não tem jeito. Durante este ano, quase desapareci da mídia, mas tenho de voltar à ativa porque a casa também depende de mim." Executiva de Marketing e Estratégia para a América Latina da IBM, a carioca Kátia Ortiz, de 38 anos, consegue se desligar do filho Thomas, de 1 ano, quando entra no escritório em São Paulo. "Quando estou aqui, sei que ele está bem, porque tenho empregados responsáveis em casa." Há ocasiões, no entanto, que o menino precisa da atenção da mãe, mesmo no chamado horário comercial. "Passei a semana trabalhando com o meu laptop na escolinha dele. Thomas está em fase de adaptação e eu preciso ficar por lá." Kátia tem recursos tecnológicos oferecidos pela empresa, o que permite que ela faça até mesmo reuniões pelo seu computador. "Minhas prioridades mudaram. Hoje, primeiro vem Thomas, depois vem a carreira", conta Kátia, que surpreendeu os colegas do trabalho quando revelou sua vontade de ter filhos, aos 36 anos, durante um jantar de negócios. "Os homens acham que a mulher que se dedica muito ao trabalho não foca em outra coisa." Engano deles. Kátia gostaria de ter uma "penca de filhos, mas o problema é que eles custam caro". Desde que o filho nasceu, a vida de Kátia mudou muito, principalmente no que se refere à sua vontade de voltar para casa no final do expediente. "Antes, trabalhava até tarde. Agora, quando vai chegando perto das sete horas da noite quero ir para casa, porque às oito e meia sei que ele vai para cama." Kátia conquistou uma vida mais equilibrada. Em nenhum momento, no entanto, o novo estilo de vida fez com que pensasse em abandonar a carreira. "Nunca seria mãe em tempo integral. Tenho outros pilares importantes, como o trabalho." Quando a executiva saiu de licença-maternidade, ela parecia criança de férias com saudade da escola. "Fui para a IBM antes de acabar a licença." O rendimento no trabalho não caiu depois da chegada de Thomas? "Continua tão bom como antes." E a vida social? "Essa foi sacrificada. Quando chego em casa estou um lixo de tão cansada. Acordo às sete horas todos os dias para ficar um pouco com o meu filho. E, à noite, depois que ele dorme, quando dá, vou à ginástica." BALADA Como não há regra para ser mãe, nem todas abrem mão da vida noturna. "Tem mãe que sente culpa ao deixar o filho em casa para se divertir", diz Kátia Souza, diretora de Negócios de uma empresa de vídeo, de 31 anos, mãe de Kaiane, de 5. "Se você se priva de certas coisas, acaba gerando frustrações. Depois, vai cobrar isso de seu filho." Sempre que pode, Kátia inclui sua filha nos programas, por mais arrojados que sejam. Com pouco mais de 1 ano de vida, Kaiane viajou de barco com os pais para Ilha Grande e fez uma trilha. Também sempre acompanhou o pai e a mãe às pistas de skate. "No sábado retrasado, tentamos deixá-la na casa da avó para irmos à Virada Cultural, no centro de São Paulo, mas ela quis ir junto", conta Kátia, que encarou a aventura de levar uma criança de 5 anos para dar um giro pelos shows, que estavam lotados. "Ela adorou. Aguentou bem até chegar a hora do pânico, momento em que toda criança precisa de cama, daí fomos embora." Quando sai à noite para baladas em casas como A Lôca, na região central, Kaiane fica com a avó, mesmo que não queira. "É importante ter momentos só com o marido ou com os amigos", explica Kátia, que neste ano deixou a filha e o marido para viajar com as amigas para Buenos Aires. "Fui a única do grupo que não beijei nem paquerei. Também fui a que mais se divertiu, pois aproveitei ao máximo meus momentos de liberdade."A pequena aventura só foi possível porque o marido, Alberto Cordeiro, de 34 anos, programador de sites, trabalha em casa e pode dar assistência à filha. "Tive filho cedo, aos 25 anos, e não me arrependo. Depois que Kaiane nasceu, o céu, que era azul, ficou cor-de-rosa; e a vida ganhou mais sentido."

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