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Favela onde repórter foi morto terá ocupação social

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, anunciou hoje que dentro de alguns dias iniciará a ocupação social no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, onde o jornalista da TV Globo Tim Lopes foi executado. O secretário adiantou que a ocupação vai começar pela Vila Cruzeiro, de onde Lopes foi levado por traficantes, que descobriram que ele fazia uma reportagem sobre bailes funk com venda de drogas e exploração sexual de menores. Aguiar informou que a ação será realizada com recursos da secretaria e com o apoio de profissionais da saúde dos quadros da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. Esta medida atende uma das reivindicações da comissão formada pelo Sindicato dos Jornalistas para acompanhar as investigações do caso Tim Lopes. O secretário anunciou ainda que a área da favela da Grota, onde o jornalista foi assassinado e enterrado pelos bandidos, será reurbanizada, para que o local não volte a servir de cemitério clandestino para o tráfico. A proposta, feita pelo Sindicato dos Jornalistas, será levada aos moradores do morro, para que a utilização da área atenda às necessidades dos moradores. Aguiar se comprometeu com os jornalistas a implantar tecnologia no processo de escavação de terrenos à procura de ossadas. Serão adotados radares de solo e a utilização de serviços de geólogos e arqueólogos. Esse foi o procedimento adotado por ele quando era secretário de Segurança do Distrito Federal. Segundo o subsecretário de Segurança, Ronaldo Rangel, os legistas do Instituto Médico Legal (IML) conseguiram recompor sete esqueletos, um deles possivelmente de Tim Lopes, a partir das ossadas que foram localizadas na Grota. Todos serão submetidos a testes para a criação de um banco de DNA para serem identificados. Para isso, a secretaria pede que pessoas que tenham parentes desaparecidos se apresentem para coleta de sangue. Só assim será possível se chegar à identidade de todos. O mesmo está sendo feito em relação a Lopes. Amostras de sangue do filho, do irmão e da mãe dos jornalista já estão sendo analisados. Rangel disse não haver mais dúvidas de que os bandidos da quadrilha de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, que matou Tim Lopes, estão circulando por várias favelas da cidade. O subsecretário admitiu que a polícia trabalha com a possibilidade de o traficante ter deixado o Rio, mas não o País. Preso há quatro dias, Elizeu Felício de Souza, o Zeu, de 22 anos, apontado como um dos seguranças de Elias Maluco que teriam assistido à execução de Lopes, confessou à polícia que comprou gasolina e óleo diesel, a mando do traficante, na noite do desaparecimento do repórter. Ele disse ao delegado Carlos Henrique Machado, da Delegacia de Homicídios, que Elias Maluco ? acompanhado dos comparsas André Capeta e Boizinho ? lhe deu R$ 50 para comprar óleo diesel e R$ 30 para gasolina num posto próximo à entrada da favela Nova Brasília, que fica no Complexo do Alemão. Ele teria então se dirigido à Grota, com dois galões cheios de combustível. Zeu disse ter entendido que um inimigo da quadrilha teria o corpo queimado, mas não confirmou se seria Lopes. ?Ele sabia que alguém iria morrer, mas disse que não chegou a ver o jornalista?, informou hoje o delegado Machado. O bandido ? que, ao ser preso, alegou ser feirante ? confessou vender maconha a R$ 3 para o bando de Elias Maluco. Zeu está preso na Polinter. O secretário de Segurança anunciou a formação de um fórum permanente para debater a questão da violência. ?Temos que propor coisas e desenvolver tarefas porque não consigo mais viver numa cidade dividida entre morro e asfalto. Isso só pode ser resolvido com um grande choque de generosidade?, disse Aguiar, que convocou a população para participar, no próximo domingo, às 10 horas, de uma nova passeata pela paz, no Leblon, zona sul.

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