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Febem demite 9 funcionários suspeitos de violência

Por Agencia Estado
Atualização:

A Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem) anunciou nesta quarta-feira a demissão de nove agentes de proteção da unidade de Franco da Rocha. Segundo a nota oficial divulgada à imprensa, os funcionários foram demitidos por justa causa após apuração de denúncias de atendimento inadequado aos adolescentes. ?Com essa iniciativa, a fundação coíbe qualquer ato de violência na unidade?, diz a nota. A instituição não divulgou, no entanto, os nomes dos funcionários e a que denúncias se refere. Diversas acusações de maus-tratos praticados por funcionários contra os jovens foram feitas no último mês por promotores da Infância, juízes, mães de adolescentes internados e entidades de direitos humanos, que visitaram as unidades 30 e 31, em datas diferentes e encontraram adolescentes machucados e em condições precárias. Em uma das inspeções, promotores encontraram em local de acesso restrito a funcionários cassetetes e armas improvisadas que estariam sendo usadas para bater nos adolescentes. Não são as únicas denúncias. Duas ações correm na Justiça contra as duas unidades de Franco da Rocha desde 2000, com mais de 100 denúncias anexadas aos processos, que vão de espancamentos coletivos a abuso sexual. A juíza da Vara da Infância e Juventude, Mônica Paukoski, deve dar sentença dentro de 15 dias e pode determinar o fechamento do complexo. ?Só vamos nos pronunciar depois que a Febem oficializar as demissões, o que ainda não aconteceu?, disse Antonio Gilberto da Silva, presidente do sindicato dos funcionários. A Promotoria da Infância também não havia sido notificada. O Ministério Público Estadual ouviu nesta quarta-feira mais cinco adolescentes da unidade 30 de Franco da Rocha. Em entrevista concedida por telefone ao Estado, um deles, de 17 anos, que não pode ter seu nome revelado, disse que, no último dia 15, dez funcionários entraram em sua cela, na ala G, onde ele dormia com quatro adolescentes, dominaram os meninos e bateram neles com pedaços de pau. ?Um deles apagou o cigarro no meu ouvido?, disse ele, aos promotores, ainda exibindo hematomas. ?Apanhamos porque reclamamos por ficar só meia no pátio. O resto do dia fica todo mundo trancado sem fazer nada.? O adolescente disse ainda que as salas de triagem são usadas como solitárias e que muitos continuam dormindo no chão, mesmo depois que a juíza da Infância determinou que os colchões fossem devolvidos aos quartos, durante sua visita. ?Quando ela foi embora, eles tiraram os colchões de novo e disseram que quem manda lá são eles. Segundo o garoto, todos os funcionários da unidade são coniventes com os espancamentos. ?Os mais velhos batem e os mais novos ficam olhando?, disse. "Às vezes eles batem também. Os mais antigos dizem para eles: se vocês não baterem nos moleques, eles batem em vocês. Ai todo mundo entra no coro."

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