Fechamento de Congonhas

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Por Redação
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Carta 19.031 O paulistano mais uma vez está de luto. Por isso, a carta de Tatiana Libbos Vailatl, de 22/7, é muito apropriada em vista da tragédia em Congonhas, que ela já temia em junho. A responsabilidade pelo acidente ainda é investigada, mas a impressão que fica é de que os controladores de vôo não só tinham como continuam com a razão. O tráfego aéreo e a situação dos aeroportos são caóticos, e o governo federal, direta ou indiretamente, tem boa parte da culpa, pois é ele que arrecada e direciona recursos para essas atividades. Recursos mal empregados, porque ao invés de aplicá-los em segurança e aeroportos que possam receber o intenso tráfego nacional, preferiu-se investir na ?perfumaria?, como estacionamentos e lojas. Os equipamentos de controle e o pessoal envolvido ainda são os mesmos, revelando a preocupação dos investidores em obras de pura maquiagem. Por fim, renova-se a discussão sobre a conveniência de manter em funcionamento o 2.º maior aeroporto brasileiro, cuja atividade, com mais de 600 pousos e decolagens/dia, em área intensamente ocupada e urbanizada, ofende o bom senso e a razoabilidade. Os riscos são imensos, desnecessários e a discussão sobre a questão não pode mais ser adiada, já que todos (população, vizinhos e peritos) concordam que o aeroporto não deve receber qualquer outro investimento de monta para continuar funcionando. Deveria, isto sim, ser desativado, e a área transformada num grande parque à disposição de uma população tão carente de opções de lazer e de recursos naturais. FRANCISCO ANT. BIANCO NETO Fazenda Morumbi Carta 19.032 Outra idéia Apesar de sabermos que, quando o Aeroporto de Congonhas foi feito, nada havia ao seu redor, fato é que por omissão dos governantes a cidade abraçou o aeroporto e sua operação, aos atuais níveis, é inviável, principalmente por questões de segurança. Isto posto, não há alternativa a não ser fechá-lo. Como o poder público não tem dinheiro para isso, a solução seria vender a área para empreendedores imobiliários, que teriam, em contrapartida a obrigação de construir o novo aeroporto, tendo ainda de construir um novo ramal de metrô, ligando a Est. Vila Olímpia (Linha Lilás) à São Judas, (Linha Azul), acompanhando em parte o traçado da Av. dos Bandeirantes. Os custos seriam sem dúvida elevados, pois para o novo aeroporto estima-se custo de R$ 1,5 a 3 bilhões. Para o novo ramal de metrô o custo ficaria entre R$ 90/180 mi/km. Na pior das hipóteses, os 7,3 km de trilhos custariam mais R$ 1,3 bilhões. O total da contrapartida seria então, arredondando, entre R$ 3 e 4,5 bilhões. A área inteira de Congonhas, contando terminal, áreas de hangares e pistas, é de aproximadamente 1,5 milhão de km. O custo do terreno, sem o aeroporto, deverá chegar ao valor de bons terrenos de Moema: R$ 3 mil/m². Numa conta rápida, teríamos como custo do terreno algo próximo de R$ 4,5 bilhões. Se tivermos como potencial construtivo de 10 a 12 vezes o total da área, teremos muitos interessados, pois o 1,5 milhão de metros resultará em 15 milhões de m². E isso sem levar em conta que, com a retirada do aeroporto, os gabaritos de construção para o entorno poderão ser aumentados, gerando um estoque extra de potencial construtivo, especialmente em bairros valorizados como Moema. A venda desse potencial construtivo significaria mais dinheiro para o Município aplicar na região. Teríamos, com isso, maior adensamento da região, donde, maior necessidade de investimentos em infra-estrutura. Parte do impacto no trânsito causado pelo adensamento seria minimizada pela construção do ramal de metrô proposto, o que já é um bom começo. E se poderíamos até mesmo reformar a Av. dos Bandeirantes e o prolongamento da Jornalista Roberto Marinho, com a venda do potencial construtivo criado pelo fim da limitação de gabarito imposta pela Aeronáutica. Se onde existe uma crise existe uma oportunidade, talvez estejamos diante da oportunidade da maior operação urbana na Capital. Desativar Congonhas pode ser benéfico para toda a cidade, em especial para o entorno - mas não se pode perder tempo, é preciso aproveitar a maré favorável a investimentos internacionais. RODRIGO ARANTES DO AMARAL, arq. Capital Em 1988, o prefeito Jânio Quadros desapropriou a Rua Manequinho, que separava o Cond. Central Parque Lapa de um conjunto de sobrados na Rua William Speers. Até hoje seus donos esperam a indenização. A Justiça aprovou o pagamento em parcelas mensais, mas só depositou a 1.ª (10% do valor). Quando o atual prefeito fala em desapropriar imóveis junto a Congonhas, os moradores do Parque Lapa lembram a desapropriação de Jânio Quadros, há 19 anos. FLÁVIO TINÉ Capital

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