FHC promete a jornalistas apoiar iniciativas pela paz

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Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu hoje à comissão de jornalistas que acompanha as investigações do assassinato de Tim Lopes apoio à iniciativa de transformar em Parque Ambiental, o cemitério clandestino onde foi encontrado o corpo do repórter, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O objetivo é que essa área sirva de modelo de projeto social para beneficiar os jovens não só desta, mas de várias outras favelas. Depois de classificar como ?altamente louvável? a iniciativa dos jornalistas, o presidente ?expressou a sua confiança em que, com base no esforço solidário e de todos, ficará claro que a morte de Tim Lopes não foi em vão?. E acrescentou: ?a reintegração do Complexo do Alemão será importante marco e símbolo na luta de todos contra a violência?. Fernando Henrique salientou ainda, por intermédio do seu porta-voz, Alexandre Parola, que ?o essencial será garantir a presença mais ativa do Estado e da sociedade para, com isso, promover a cidadania, e combater a criminalidade?. Os representantes da comissão, que tinham à frente a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Elizabeth Costa, pediram ainda ao presidente Fernando Henrique que coloque a Polícia Federal nas investigações de morte de outros 12 jornalistas, sendo dez do sul da Bahia e dois no Rio. Os jornalistas consideram que as polícias estaduais não têm demonstrado capacidade de investigar estes crimes que ocorreram a partir de 1990. Fernando Henrique recebeu ainda do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Fred Ghedini, um documento intitulado ?Basta de Violência?, que pede a ação integrada dos governos para combater os problemas de falta de segurança não só no Rio, mas também nas demais cidades brasileiras. Na conversa com os jornalistas, Fernando Henrique colocou-se à disposição da comissão para participar de manifestações pela paz e contra a violência no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em data a ser marcada pelos próprios representantes da comunidade. O presidente sugeriu, no entanto, que a manifestação ocorra depois das eleições, para evitar uso político do fato. ?Eu estou disposto a ir lá, mas acho melhor ser depois das eleições senão vão querer tirar proveito político?, desabafou o presidente, que reclamou ainda das dificuldades em se mudar as leis no Brasil, particularmente o Código de Processo Penal, como um dos instrumentos necessários para reduzir a criminalidade. Como exemplo de mudanças que o governo já tentou fazer e não obteve êxito, o presidente pregou o fim do Habeas Corpus (HC) a bandidos reincidentes. Os jornalistas lembraram que o traficante Elias Maluco, que é tido como o mandante da morte de Tim Lopes, embora estivesse condenado, ganhou habeas-corpus da Justiça e foi libertado. O envolvimento de todos os níveis da sociedade e do governo também foi defendido pelo presidente Fernando Henrique. O presidente, de acordo com um dos integrantes da comissão, queixou-se ainda que o governo sempre libera os recursos, mas muitas vezes o projeto não aparece. Falando em termos genéricos, o presidente ressaltou que, muitas vezes falta vontade de trabalho no dia a dia. Para o presidente, o caso Tim Lopes foi tão marcante, que ele acredita que agora as iniciativas integradas terão sucesso, independente de disputas políticas. ?O Complexo do Alemão tem de ser um símbolo?, disse o presidente, ao lembrar que o governo federal e a força tarefa criada para o combate ao crime no Rio irão se empenhar para atuar contra a violência, em parceria com os poderes estadual e municipal. ?Fizemos isso no Acre, deu certo, vamos fazer no Espírito Santos (força-tarefa), e no Complexo do Alemão também vamos concentrar esforços para obtermos resultados positivos?, completou o presidente, que acionou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para incrementar no Rio de Janeiro ações do Plano de Prevenção da Violência Urbana, projeto integrado de apoio aos jovens que visa agir preventivamente e não repressivamente. ?Com prevenção se gasta muito menos do que com repressão?, assegurou o general Alberto Cardoso, cujo projeto de prevenção à violência está sob sua coordenação.

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