Fichados ou ex-presidiários, os alvos das execuções

Soldado diz que PMs da Rota assaltaram carro para encenar perseguição e matar ladrão que dormia na viatura

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Por Marcelo Godoy
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Nas entrevistas em que denunciou execuções da Rota, o soldado P. disse que os escolhidos para morrer eram pessoas com passagens pela polícia ou presos que cumprem pena em regime semi-aberto, flagrados na rua em atitude suspeita. P. disse que, num dos casos, os policiais roubaram um carro para simular uma perseguição e deram até tiros num supermercado. O homem morto a seguir, acusado do assalto, já estava preso. Chegou a dormir no porta-malas da viatura. "Às vezes, na hora, não se acha alguém que aceite fazer falsa comunicação de crime (dar queixa de roubo para o carro ser usado na simulação) e dois loucos lá tiram a farda e roubam alguém na esquina. Eu não te falei do atentado contra o supermercado na zona leste? Passou um veículo e efetuou vários disparos no mercado. Esse veículo quem roubou foi o soldado C. e o S., de outra viatura. Eles roubaram o veículo com o grito: ?Esse carro agora é nosso, do PCC.? O motorista saiu correndo com os tiros para cima. Aí fizeram a ?perseguição?, e a viatura que estava combinada veio atrás. O ?pé-rachado?, o ?pé-de-china? (ladrão) estava dormindo. O ladrão chegou a dormir lá no porta-malas. É que demorou umas duas ou três horas. E, quando ele acordou, foi: ?Desce, desce, desce.? Tiraram ele da viatura e deram tiro lá e ficou o sangue no local." P. disse depois saber que um colega tinha acesso às apurações da corregedoria, que investigava homens da Rota: "O U. trabalhou um bom tempo como segurança de uns diretores de uma multinacional e junto com ele tinha um pessoal da corregedoria que fazia bico lá. Pela amizade, ele tem informações privilegiadas."

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