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Filas e atrasos em aeroportos

Pane em sistema da Gol aumentou o número de vôos fora do horário e causou atrito da empresa com a Infraero

Por e Luciana Nunes Leal
Atualização:

Pelo segundo dia consecutivo, a combinação de chuvas e problemas operacionais na Gol/Varig provocou atrasos nos aeroportos dos País, embora os índices ontem tenham ficado abaixo da média de 40% registrada no sábado. Dos 1.626 vôos programados entre 0 hora e 22 horas de ontem, 447 (27,5%) decolaram ou pousaram fora do horário previsto. Os três mais movimentados terminais do País - Cumbica, em Guarulhos, Juscelino Kubitschek, em Brasília, e Galeão, no Rio - apresentaram porcentuais de atrasos superior a 29%. Mais uma vez, o índice mais elevado foi registrado em Brasília - 46,5%, às 22 horas. Anteontem, o aeroporto chegou a ter 75% dos vôos com atrasos superiores a 30 minutos. Também houve transtornos em aeroportos do Norte e Nordeste. Os terminais de Belém (PA), Manaus (AM) e Natal (RN) tiveram índices acima de 28%. Congonhas, em São Paulo, fechou por 45 minutos por causa das chuva. Embora a Infraero e a Anac não estipulem um nível "aceitável" de atrasos nos aeroportos, a média nos meses de baixa temporada e sem feriados gira em torno de 15%. Para tentar garantir um fim de ano tranqüilo, desde a semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reforçou a fiscalização em aeroportos de São Paulo, Rio e Brasília. Neste primeiro fim de semana da operação, foram emitidos oito autos de infração. Mas eles não incluem os aeroportos de Brasília e Congonhas, onde será feita uma análise mais detalhada sobre o impacto dos problemas meteorológicos antes de eventuais autuações às companhias. Os atrasos ontem também provocaram atrito entre a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e a Gol. A estatal responsabilizou a empresa por problemas ocorridos nas esteiras de bagagens do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. A versão apresentada pela Gol foi de que um defeito nas esteiras contribuiu para os atrasos. O comunicado da Infraero desmentiu a companhia. Diz a nota: "A Infraero esclarece que, diferentemente do que foi informado pela assessoria da Gol, não houve problemas com a esteira de bagagens em questão", mas sim "má utilização da esteira pelos funcionários da empresa". A razão do problema, segundo a estatal, foi o excesso de peso nas esteiras, que ultrapassou o limite máximo permitido pelo fabricante. Quando há peso acima do permitido, as esteiras param momentaneamente de funcionar, diz a Infraero. "Este fato não teve relevância nos atrasos provocados pela companhia, mesmo porque a manutenção nem precisou ser acionada", diz a nota. A estatal encerrou o texto com um "alerta para que a Gol reforce o treinamento de seus funcionários". FUSÃO Entre a meia-noite e as 22 horas de ontem, a Gol teve 231 (47%) de seus 491 vôos com atrasos acima de meia hora, enquanto o índice da Varig era de 42% (47 dos 112 vôos). A TAM, líder no mercado doméstico, teve atrasos em 113 de seus 701 vôos (16,1%). No sábado, a Gol/Varig havia informado que os problemas eram resultado de uma falha no sistema automático de controle de despachos, solucionado no início da tarde. Embora a Gol venha alegando que panes pontuais provocaram o alto índice de atraso em seus vôos durante o fim de semana, desde o mês passado a Anac notou dificuldades operacionais na empresa, a segunda maior do País. Os problemas começaram durante o processo de fusão das malhas aéreas, tripulações e frotas entre a Gol e a Varig. Em novembro, o índice médio de atrasos no País foi de 16,6% - 4,1% maior do que em outubro. O aumento foi impulsionado pelas duas operadoras, que tiveram, respectivamente, 21,1% e 24,2% de atrasos no mês passado. Em outubro, esses índices haviam sido bem menores - 15,3% para a Varig e 13,4% para a Gol. Desde sexta-feira, fiscais da Anac estão na Gol para verificar se os horários de pousos e decolagens estão sendo cumpridos. NÚMEROS 27,5% dos vôos pousaram ou decolaram fora do horário ontem em todo o País 40% foi a média de atrasos registrada anteontem 15% é o porcentual registrado na baixa temporada

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