Fim da Detenção valoriza imóveis na região do Carandiru

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Por Agencia Estado
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O efeito mais imediato do fim da Casa de Detenção do Complexo do Carandiru, na zona norte de São Paulo, foi a equiparação de preços entre os imóveis do entorno e os de áreas vizinhas, como aqueles próximos da Estação Santana do Metrô. Os proprietários já se interessam em recolocar no mercado unidades residenciais e comerciais, anteriormente fechadas por falta de interessados em alugá-las. No segmento de vendas, a resposta será mais lenta, segundo especialistas, porque envolve outras variantes, sobretudo a criação de uma operação urbana para a área, já aprovada no Plano Diretor de São Paulo. Aluguel O gerente comercial da imobiliária Heleno & Mantovani, Alexandre Liquieri, estima que a equiparação de preços pode elevar, a curto prazo, em 30% os valores de locação de casas e apartamentos. "Na verdade, os preços não vão subir; vão apenas deixar de ser depreciados pelo Carandiru", afirma. O consultor imobiliário Cícero Yagi concorda. Ele compara a situação dos vizinhos do Carandiru com a de moradores de áreas inundáveis. "Nessas regiões, os preços dos imóveis também sofrem depreciação de cerca de 30%." Conforme Liquieri, o aluguel de um salão comercial de 200 metros quadrados, próximo do Carandiru, saía anteriormente por R$ 1.500,00 por mês. Agora, a tendência é que se equipare aos similares da região de Santana, onde o mesmo espaço é oferecido por R$ 2.200,00 por mês. O aumento das fugas e rebeliões no Complexo do Carandiru foi responsável pelo fechamento de vários imóveis na área. Liquieri estima que, em um perímetro de três quarteirões ao redor da Casa de Detenção, 150 imóveis residenciais e comerciais estão fechados. Muitos, inclusive, tiveram portas e janelas bloqueadas para evitar invasões. "Mas muitos proprietários já nos procuraram com o objetivo de recolocar os imóveis no mercado." Venda A valorização dos preços de venda das unidades será mais lenta. Segundo Yagi, do Secovi-SP, comprar um imóvel envolve variáveis mais delicadas, como a disponibilidade de assumir dívidas de longo prazo ou de se fixar em determinado bairro. "Um imóvel sem problemas de localização e bem-conservado, com preço acima de R$ 100 mil, demora de três a seis meses para ser vendido", explica. "Naquela região, que apresentava baixa liquidez, esse prazo era maior." O segmento de incorporação imobiliária também vai demorar para reagir. Primeiramente, porque os incorporadores defendem a criação de uma operação urbana para a área, capaz de atrair investimentos. Depois, pela falta de terrenos disponíveis. "Os novos lançamentos só acontecerão em seis ou 12 meses", estima Liquieri. O diretor de Novos Negócios da Tecnisa, Ricardo Pereira Leite, concorda. Embora sua companhia não descarte investimentos, o executivo ressalta que, a curto prazo, não tem planos para a região. Novos empreendimentos Os novos empreendimentos devem ser de empresas que já atuam na região. Segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), entre janeiro e agosto, a Prefeitura aprovou a construção de 3.287 unidades residenciais na zona norte, 16,6% mais que em igual período de 2001. Os projetos somaram 265.871 metros de área total - avanço de 51,6%. Como os dados se referem a toda a região, e não apenas ao entorno do Carandiru, isso demonstra potencial ainda maior de desenvolvimento.

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