Fiscais da Receita e policiais integravam quadrilha no Paraná

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Por Agencia Estado
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A Polícia Federal em Foz do Iguaçu prendeu em flagrante, na manhã desta quarta-feira, 36 pessoas acusadas de fazerem parte de uma organização criminosa que facilitava o contrabando na fronteira com o Paraguai. Segundo a PF, entre os detidos há 22 policiais federais, três servidores da Receita Federal, dois policiais rodoviários federais e nove contrabandistas, conhecidos como atravessadores. "A Polícia Federal demonstra, com ações como essa, que não compactua com atos de corrupção e extirpa o mal em sua própria casa", disse o delegado-chefe da PF em Foz, Joaquim Mesquita. A chamada Operação Sucuri teve início há cerca de seis meses, quando a administração da Delegacia da Polícia Federal em Foz teve indícios da existência de um grupo de pessoas envolvidas na intermediação ilegal da passagem de mercadorias contrabandeadas pela Ponte da Amizade, mediante corrupção de servidores públicos. No início do ano, com reforço da Diretoria de Inteligência da PF, foram confirmadas as suspeitas. Segundo a investigação, algumas pessoas intermediavam a passagem de contrabando pagando propina aos policiais e servidores da Receita Federal. "Os contatos eram feitos pessoalmente e, às vezes, por telefone, e, nesses contatos, se fazia acerto da passagem do veículo", disse Mesquita. Os policiais e fiscais eram informados sobre o número da placa do táxi ou da van em que estava o contrabando. Assim, eles passavam a aduana sem serem importunados pela fiscalização. Os compradores das mercadorias contrabandeadas já vinham do Paraguai trazendo a propina que seria entregue aos policiais e fiscais. Durante o inquérito policial, que tem 15 dias para ser concluído, a PF pretende descobrir há quanto tempo funcionava o esquema e quanto os policiais já teriam recebido. O Ministério Público Federal deve acompanhar a investigação, que está sendo feita por policiais especialmente designados pela direção do Departamento de Polícia Federal, sob comando do delegado Reinaldo de Almeida César. Os servidores públicos também devem responder a processo administrativo em seus respectivos órgãos e correm o risco de serem demitidos. Criminalmente, eles são acusados de corrupção passiva, facilitação do contrabando, prevaricação e formação de quadrilha. Por parte da Polícia Federal, Mesquita disse que deve ser acelerado o processo administrativo, dando aos policiais condições de defesa. Ele não quis revelar o número de homens que trabalham em Foz, mas garantiu que o trabalho não será prejudicado com o afastamento dos 22 agentes. O superintendente da Receita Federal no Paraná, Luiz Bernardi, disse que não comentaria o fato.

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